Crianças sentem o impacto psicológico do isolamento na pele

Estresse e ansiedade generalizada podem impulsionar crises de dermatite atópica, doença crônica caracterizada por pele seca, lesões e coceira intensa

É comum que a criança capte o nervosismo das pessoas | reprodução internet
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O isolamento social, melhor forma de conter a disseminação do novo coronavírus, é também causador de muita tensão na rotina da população diante das incertezas sobre a progressão da Covid-19. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com mais de mil adultos de todo o país, foi registrado aumento de 90% nos casos de depressão; 71% nas crises de ansiedade e 40% de estresse agudo desde o início da quarentena. Esse impacto psicológico ultrapassa barreiras de faixa etária, atingindo em cheio também as crianças, que têm mais dificuldade de assimilar os últimos acontecimentos. A frustração pode ser ainda mais prejudicial para aquelas que lidam com doenças inflamatórias crônicas, como a dermatite atópica (DA), que afeta até 20% das crianças no mundo inteiro.

Sentimentos como estresse e ansiedade são alguns dos fatores desencadeantes das crises de dermatite. "A expressão ‘nervos à flor da pele’ se encaixa muito bem aqui. O estresse libera hormônios que agem no sistema imunológico, gerando inflamações ou potencializando estados inflamatórios já presentes no corpo, podendo desencadear a piora da dermatite atópica", explica o Dr. Roberto Takaoka, médico dermatologista e presidente da Associação de Apoio à Dermatite Atópica (AADA). Portanto, situações nas quais há decepção por não poder ver familiares e amigos, ou por ter que ficar em casa por muito tempo seguido, podem funcionar como gatilhos que aumentam significativamente os sinais e sintomas da DA.

Reprodução internet

Além de realizar o tratamento adequado da dermatite atópica visando a sua melhora e a prevenção de crises, é preciso que os pais e responsáveis saibam reconhecer e manejar situações potencialmente estressantes para as crianças. "É comum que a criança capte o nervosismo das pessoas e ambientes ao seu redor e internalize o sentimento, que acaba se manifestando na pele com aumento da coceira e das lesões", aponta Dr. Takaoka.

A seguir, compartilhamos algumas dicas que podem auxiliar a diminuir a tensão do dia a dia, entreter os pequenos e também recomendações para aliviar os quadros de DA já agravados pelas ondas de estresse.

Organização do tempo: Aprenda a gerir o tempo e as atividades rotineiras da família. Nesse período é importante manter hábitos regulares como os horários de dormir e acordar, bem como os horários das refeições.

Atividade física: dança, ginástica e pular corda são algumas opções para manter as crianças em movimento. Atividades improvisadas como caça ao tesouro, circuitos de obstáculo e amarelinha são ótimas para diferenciar a rotina ao mesmo tempo em que estimulam o exercício físico. Mas lembre-se: momentos de paz também são importantes - a meditação é uma boa forma para ter tranquilidade e trabalhar a reflexão.

Distração com atividades culturais: música, leitura, desenho e origami são atividades lúdicas que ajudam a preencher o dia a dia das crianças, evitando o acúmulo de tédio e ansiedade.

Educação sobre a doença e tratamento contínuo e preventivo: é essencial que tanto os pais quanto a criança se eduquem sobre a dermatite atópica. Com a criança sabendo do que se trata, fica mais fácil lidar com crises. Além disso, ter uma relação de parceria com o especialista é um ponto muito importante para o tratamento e prevenção de crises.

Apoio psicológico: com a psicoterapia e a participação em grupos de apoio para pacientes, tanto os responsáveis quanto as crianças com DA podem compartilhar dicas e experiências que auxiliam no tratamento.

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