O peixe-leão ou lionfish para o resto do mundo, é uma das espécies mais belas dos oceanos. Cobiçado por donos de aquário, tem o corpo listrado e barbatanas exuberantes. Nada com elegância e atinge em média entre 25 e 30 centímetros de comprimento na fase adulta.
A espécie é nativa do Indo-Pacífico, faixa oceânica que vai do Pacífico, entre a costa da América do Sul e a Austrália, até o litoral leste da África. Mas, desde a década de 1980, o peixe-leão conseguiu se estabelecer no Oceano Atlântico e está chegando à costa brasileira. Se isso acontecer, terá tudo para fazer um estrago considerável na biodiversidade nacional, sobretudo, do entorno de ilhas e arquipélagos. Infelizmente, a invasão começa a ocorrer, afirmam os pesquisadores.
Cinco exemplares foram capturados em águas brasileiras até agora. Dois no litoral de Arraial do Cabo, no Estado do Rio, um em Fernando de Noronha e os dois últimos em armadinhas de pescadores a 200 quilômetros de distância do litoral do Amapá, na pluma do Amazonas, área de contato da água doce do rio com a água salgada do mar.
Pesquisas
Em um estudo publicado pela revista especializada internacional Biological Invasions, sete pesquisadores brasileiros analisam as possibilidades de entrada, soltura ou nascimento desses cinco exemplares na faixa oceânica do Brasil.
“Há um ensaio de invasão e o alarme está dado. Devemos orientar a população e as autoridades devem tomar atitudes agora”, destaca em entrevista ao R7, de Darwin, na Austrália, o biólogo marinho brasileiro Osmar J. Luiz, pós-doutor pela universidade Macquarie, de Sydney, pesquisador da também australiana Charles Darwin University e coautor organizador do estudo.
U.S. GEOLOGICAL SURVEY)
Luiz explica que, no Indo-Pacífico, o peixe-leão tem vários predadores naturais, entre eles alguns tubarões e garoupas. Fora dali, eles são invasores bonitões, mas perigosos. Inicialmente, exemplares do peixe foram localizados na costa sul da Flórida, nos Estados Unidos, em 1985. Segundo os cientistas, provavelmente foram soltos por donos de aquário descontentes com seu comportamento.Em duas décadas, esses peixes se tornaram uma praga por lá. Com seus espinhos venenosos na crista, alastraram-se pela costa leste americana e, a partir de 2005, tomaram as praias do Golfo do México e de todos os países banhados pelas águas cristalinas e ricas em biodiversidade do Mar do Caribe. Assim, chegaram ao litoral da Venezuela, bem próximo na costa norte do Brasil. Em outra ponta, vindos pelo Mar Vermelho e pelo Canal de Suez, passaram a comer o que viam pela frente no Mar Mediterrâneo, entre a Europa e a África.