Quando Guilherme da Holanda subiu ao trono, em 2014, viu-se forçado a trocar a discreta Villa de Eikenhorst, onde vivia desde o seu casamento com Máxima, em 2003, por uma residência à altura do seu papel de rei. Com o desejo de manter um estilo de vida informal, o casal decidiu se instalar em um palácio razoavelmente modesto, optando por Huis ten Bosch, que significa ‘casa no bosque’, precisamente por estar inserido num vasto bosque nos arredores de Haia, do que mudar-se para o imponente e impessoal Palácio Real de Haia, onde ambos mantêm apenas os gabinetes oficiais e organizam recepções, como banquetes de Estado.
A escolha pela casa no bosque teve, no entanto, um inconveniente: construído em 1645 e tendo passado por momentos difíceis, como o período das invasões napoleônicas, em que o local funcionou como prisão e bordel, o palácio precisava de obras estruturais.
Com isso, os reis acabaram em meio a uma polêmica, pois estava inicialmente prevista pequenas intervenções, que incluiriam apenas a ala central do palácio, que é de maior importância histórica, e uma das alas laterais, onde se situam os aposentos que o casal real e as três filhas, Amalia, de 17 anos, Alexia, de quase 16, e Ariane, de 14, ocupam.
Os responsáveis pela obra consideraram fundamental que todo o palácio fosse restaurado, pois, as estruturas de madeira que suportavam os telhados estavam completamente deterioradas pelo bicho-da-madeira, o telhado original, em chumbo, já estava com vazamento, as velhíssimas ligações elétricas corriam risco de entrar em curto-circuito, as canalizações estavam em péssimo estado e foi necessário retirar o amianto que servia de isolamento.
Na obra foram usados, por exemplo, 65 mil quilos de telhas de chumbo, 1300 m² de tapetes e 22 mil metros de cabos elétricos.
DECORAÇÃO DO PALÁCIO REAL DA HOLANDA É LUXUOSA
Além da estrutura, a decoração também foi alterada. As pinturas murais estavam muito degradadas e os veludos dos cortinados que forravam algumas paredes foram comidos pelas traças, as madeiras decorativas estavam em péssimo estado e boa parte do mobiliário precisava de restauro.
Assim, a renovação, que teve início em 2014, demorou quase quatro anos, e o orçamento originalmente previsto de 35 milhões de euros resvalou para 63 milhões. E foi esse valor que os holandeses questionaram.
Com os questionamentos, os reis abriram as portas de sua casa e mostraram o resultado daquilo que pagaram, deixando fotografar não só os salões de Estado, mas também os seus aposentos privados.
Dessa forma, os holandeses puderam confirmar que o local gerou bastante gastos. Sem luxos, os espaços ganharam em modernidade e espelham as personalidades dos seus novos ocupantes, associando elementos clássicos e antigos a peças de ‘design’ contemporâneo.
JARDINS DO PALÁCIO REAL TAMBÉM PASSAM POR REESTRUTURAÇÃO
Os jardins também foram alvo de reestruturação, ganhando, por exemplo, um lago junto à fachada. Sem ter perdido a majestade das salas mais nobres, apenas usadas quando Máxima e Guilherme são anfitriões de recepções mais protocolares, Huis ten Bosch é agora uma casa feita à imagem e semelhança dos descontraídos reis holandeses.