Há alguns anos foi encontrado um antigo manual do sexo no Reino Unido. Poucos sabiam da sua existência, pois se tratava de um livro que havia sido proibido no século XVII. A razão? A de sempre: o sexo era, e inclusive continua sendo, um assunto tabu.
Os censuradores da época acreditavam que estavam fazendo um bem para a humanidade evitando que se conhecesse mais sobre o tema.
O manual do sexo só pôde ser distribuído livremente a partir de 1960. Nele, há duas particularidades que chamam a atenção. A primeira, o fato de ter sido intitulado como O Manual do Sexo de Aristóteles. E outra, que contêm curiosos conselhos sobre o mundo erótico.
Na realidade, seu autor é desconhecido. Certamente, quis utilizar o nome do grande filósofo grego com o objetivo de dar maior prestígio ao livro ou para obter uma autorização para a sua circulação.
Com respeito aos conselhos, o interessante deles é que refletem a mentalidade da época e que, à luz do que sabemos hoje, são quase absurdos.
“Uma orgia real nunca excita tanto quanto um livro pornográfico”. – Aldous Huxley.
Uma proibição estranha
A verdade é que não é tão claro o motivo de terem proibido este antigo manual do sexo. A maioria dos textos que contém estão completamente alinhados com o pensamento cristão. Talvez alguém acreditasse que só por falar sobre o assunto poderiam surgir pensamentos obscenos ou degenerados.
Este manual do sexo descreve a cópula como um ato carnal, que é completamente natural entre homens e mulheres, e cuja a finalidade é procriar. A respeito disso, dá conselhos para determinar o sexo dos filhos e para evitar que tenham deformidades.
Indica, por exemplo, que a mulher deve se deitar do lado direito após o ato sexual, caso queira ter um menino. Para ter uma menina, é necessário que ela se deite do lado esquerdo. Também indica quais são as datas as mais propícias para gerar filhos de um ou outro sexo.
O manual do sexo e seu enfoque
Embora quase todo o seu conteúdo esteja concentrado na reprodução também inclui algumas recomendações para ter uma vida sexual satisfatória. Diz, por exemplo, que o sexo, quando é “moderado” e “legítimo”, ajuda a relaxar a mente e deixar de lado a melancolia.
O texto esclarece que caso a pessoa não faça sexo com certa regularidade, podem aparecer problemas de visão, enjôos e outros males mais graves, especialmente nos homens.
Em contraste, quando a pessoa tem muitas relações sexuais, o corpo pode “secar” e a vida se esgotar. O manual dá como exemplo os pardais, que copulam com frequência e só vivem por 3 anos.
Assegura que as características das crianças dependem do pensamento da mãe. Por exemplo, se ela pensa em seres terríveis depois do sexo, o filho pode nascer com malformações nos lábios ou pelos na língua.
Portanto, recomenda-se que a mulher olhe firmemente para o esposo e pense apenas nele. O objetivo: que o filho se pareça com o pai.
Outros avisos e recomendações
O antigo manual do sexo recomenda que as mulheres não consumam muita gordura ou alimentos apimentados, já que este tipo de comida “esquenta demais o corpo”, motivando-as à luxúria.
Ao mesmo tempo, encoraja as mulheres a serem complacentes com seus maridos: isso evitaria que eles caíssem nos braços obscenos de qualquer “prostituta mentirosa”.
Aconselha os maridos a deixar as preocupações de lado antes de consumar o ato sexual. Recomenda animar seu lado animal e fazer uso da fantasia para que tudo seja o mais prazeroso possível.
Aconselha que os homens não tenham relações sexuais com as suas esposas com muita frequência, pois, de acordo com o que diz, “as mulheres, no geral, ficam mais contentes com algo bem feito uma fez do que com algo ruim feito frequentemente.”.
Também aconselha que quando o homem terminou “o que a natureza o motivou a fazer”, deve ter cuidado para não se retirar muito rápido do “leito de amor”. De acordo com o autor, fazer isso coloca em risco o ventre feminino, pois pode “entrar frio”, o que poderia levar a consequências perigosas.
Também diz que a infidelidade é corrupta e que só provoca doenças.
Embora este antigo manual do sexo não seja exatamente um Kama Sutra, com certeza tem um valor documental muito grande. É um texto que nos ajuda a compreender algumas das ideias que a nossa cultura em evolução aceitou, publicou ou censurou.
Compreendendo melhor o ontem, vamos entender mais o hoje e estaremos melhor preparados para o amanhã.