Um dos mais recorrentes argumentos dentre os que são contra a legalização da maconha e advogam sobre os males de seu uso é de que o fumar a erva funcionaria como uma espécie de “porta de entrada” para outras drogas. Mas como tudo que é demasiadamente afirmado e pouco comprovado, sempre é possível que a verdade seja exatamente o contrário – e médicos vem testando com sucesso o uso da maconha como justamente uma “porta de saída” para drogas realmente perigosas e até letais.
Uma nova clínica de reabilitação em Los Angeles, nos EUA, justamente contraria o que seria regra em clínicas mais tradicionais, se valendo desse método que, em outros contextos, seria proibido. Batizada não por acaso de High Sobriety (algo como “sobriedade ‘alta’”), a clínica incentiva o uso de maconha como substituto para drogas muito mais perigosas como heroína e cocaína.
Segundo Dr. Mark Wallace, médico diretor da divisão de Medicina da Dor do Departamento de Anestesia da Universidade da Califórnia, nos últimos cinco anos a maconha ajudou mais de cem pacientes a deixar de usar opiáceos, seguindo no uso somente da maconha.
O próprio Wallace, porém, afirma que o método ainda é experimental, se baseando em casos isolados, e que é necessário maiores pesquisas (alguns estudos realizados com ratos já confirmaram que a cannabis ajuda a reduzir a abstinência), e o método é polêmico: diversos médicos rejeitam a afirmação de que a maconha pode auxiliar no processo. Um dos fundadores da clínica, porém, afirma que a maconha ajuda os pacientes a dormir, relaxar e desenvolver novamente o apetite, especialmente durante o processo de desintoxicação – devolvendo ao paciente o sentido de “controle emocional” da própria vida.
O paradoxo é que, ainda que a maconha seja legalizada em dezenas de estados americanos, o fato dela não ser legalizada em âmbito federal impede justamente a realização de pesquisas amplas e definitivas sobre os diversos aspectos em que a erva se apresenta como remédio e melhoria na vida dos que mais precisam. Seja como for, é um fato que há muito o que se aprender a respeito dos possíveis usos medicinais da maconha – e que, quem sabe, podem trazer melhorias definitivas para pacientes diversos.