Cientistas descobrem o primeiro “maconheiro” do mundo

Cientistas encontram o registro mais antigo do uso da erva

Vestígios do uso da substância | Fatos Desconhecidos
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Falar sobre cannabis, popularmente conhecida como maconha, é quase sempre sinônimo de polêmica. No Brasil, o tema ainda gera muita controvérsia e divide a opinião do grande público. Mas a verdade é que os seres humanos têm utilizado a cannabis para várias finalidades há milhares de anos. Entretanto, tem sido um pouco complicado definir quando se deu início do uso recreativo da planta.

Entretanto, recentemente, os cienticistas encontraram algumas evidências, publicadas em um novo estudo, e que podem servir de ponto de referencia. Há cerca de 2.500 anos, na Ásia Central, as pessoas fumavam maconha em rituais funerários de sacrifício. A planta até mesmo teria sido cultivada para potencializar seus efeitos e alterar ainda mais o estado mental.

A descoberta foi feita por uma equipe de arqueólogos no leste da China. A cannabis é uma planta nativa da Ásia e tanto a literatura, quanto evidências encontradas em sítios arqueológicos anteriormente, sugerem que ela vem sendo cultivado pelo homem há alguns milhares de anos.

As descobertas

Os arqueólogos encontraram vestígios de canabinoides em braseiros de madeira recuperados no antigo cemitério de Jirzankal, na cordilheira de Pamir. Os artefatos foram datados do século 500 a.C. Apesar de existirem evidências do cultivo de cannabis muito antes disso, seu uso primário parece ter sido pela extração do óleo e para o aproveitamento de sua fibra.

No entanto, as plantas possuíam concentrações muito mais baixas de THC (Tetraidrocanabinol). O THC é o agente psicoativo associado aos efeitos que popularmente são descritos como "ficar chapado". Segundo os arqueólogos, tal descoberta é a maior evidência já encontrada do uso da maconha com a finalidade do uso de suas propriedades psicoativas.

O lugar começou a ser escavado em 2013, e entre os artefatos encontrados, estavam 10 fragmentos de um braseiro de madeira. Nele, havia algumas pedras com claros sinais de combustão. De início, os pesquisadores suspeitaram que tudo o que haviam encontrado possuía um propósito ritualístico. Uma amostra dos resíduos então fora extraída da madeira do braseiro para análises de sua composição química.

"Identificamos os biomarcadores de cannabis e produtos químicos locais relacionados às propriedades psicoativas da planta. Essa é uma das primeiras evidências químicas do consumo de maconha", disse o arqueólogo Yimim Yang, da Universidade da Academia Chinesa de Ciências, em um comunicado.

Evidências

De acordo com os especialistas, a maconha era queimada com o auxílio das pedras quentes, colocadas sobre a erva na intenção de vaporizá-la. Além do mais, a concentração de THC nos resíduos analisados era muito maior do que encontramos comumente nas plantas selvagens. Portanto, os pesquisadores acreditam que uma espécie específica de maconha tenha sido cultivada pensando em seus efeitos psicoativos.

Assim, o estudo sugere que o uso da planta por suas propriedades psicoativas possa ter se originado na Ásia Central. Posteriormente, se espalhando por todo o hemisfério norte através da antiga Rota da Seda. "Eu acho que este é um exemplo maravilhoso de quão intimamente entrelaçados os humanos estão e estiveram com o mundo ao seu redor", disse o arquebotânico Robert Spengler, do Max Planck Institute for the Science of Human History.

"Eles impuseram pressões evolutivas sobre as plantas ao seu redor, e em alguns casos isso realmente levou à domesticação. Os seres humanos sempre procuraram plantas com metabólitos secundários que tenham um efeito sobre o corpo humano. Os humanos pré-modernos tinham uma compreensão íntima das plantas ao redor deles. Os resultados do estudo de muitas maneiras não devem surpreender ninguém".

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