O consumo de "cogumelos mágicos" pode ser uma potencial forma de curar a depressão, é o que aponta um novo estudo publicado na revista Neuron. A pesquisa, feita por um grupo de pesquisadores da Universidade de Yale, demonstrou a capacidade de uma substância em específico restaurar as conexões neurais de um ser humano.
A psilocibina, um composto natural encontrado em alguns cogumelos, tem sido estudada como um potencial tratamento para a depressão durante anos. Porém, seu funcionamento em nosso cérebro e tempo de duração dos efeitos positivos sentidos após o seu consumo ainda eram fatores incertos no campo científico.
Aumento de conexões neurais
Após a aplicação de uma única dose de psilocibina em ratos de laboratórios, os pesquisadores puderam notar não somente um aumento de 10% no número de conexões neurais no cérebro dos animais, como também um acréscimo de mais 10% na largura dessas conexões — demonstrando que elas eram ainda mais fortes.
Anteriormente, outros estudos indicavam que a psilocibina era uma substância com efeitos prejudiciais para a saúde mental. A descoberta recente, por outro lado, descobriu que esses compostos aumentam a densidade das espinhas dendríticas, que são pequenas protuberâncias encontradas nas células nervosas para auxiliar na transmissão de informações entre os neurônios.
No caso de estresse crônico e depressão, o número de conexões neurais tende a diminuir substancialmente. Portanto, encontrar uma maneira de corrigir esse problema pode ser uma possível solução para lidar diretamente com essas doenças e elevar o padrão de saúde mental da sociedade.
Uso de cogumelos
Utilizando um microscópio de varredura a laser, o pesquisador Ling-Xiao Shao e sua equipe coletaram imagens de espinhas dendríticas em alta resolução e as rastrearam por vários dias em camundongos vivos. Segundo os cientistas, houve um aumento significativo no número das espinhas nas primeiras 24 horas da aplicação de psilocibina.
Essas alterações continuavam presentes um mês depois do primeiro experimento, demonstrando uma potencial longevidade do tratamento. Além disso, camundongos submetidos ao estresse mostraram melhorias comportamentais e aumento da atividade dos neurotransmissores após receberem a substância.