A Black Friday, um dos dias mais aguardados por lojistas e consumidores, surgiu nos Estados Unidos e hoje é adotada em diversos países, incluindo o Brasil. Em 2024, o evento movimentou R$ 7,93 bilhões apenas no comércio online brasileiro, de acordo com a Abiacom (Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce). O levantamento considera o período que vai do início da semana da Black Friday até a segunda-feira seguinte.
Para 2025, a Abiacom projeta um crescimento de 14,5% em relação ao ano anterior, com expectativa de que as vendas pela internet alcancem R$ 9,08 bilhões. Nos Estados Unidos, a Black Friday ocorre tradicionalmente no dia seguinte ao feriado de Ação de Graças, marcada por filas enormes e grande movimentação nas lojas.
Nessa data, consumidores buscam descontos agressivos, que em alguns casos podem chegar a 90% do valor original dos produtos. Mas afinal, como surgiu a Black Friday? E por que ela recebeu esse nome? A seguir, você confere dez curiosidades sobre um dos eventos mais emblemáticos do varejo mundial.
1) O termo Black Friday se referia a crises na Bolsa
Apesar de hoje estar ligado ao maior dia de compras nos EUA, o termo Black Friday originalmente descrevia calamidades. Segundo o linguista Benjamin Zimmer, essa expressão foi usada por séculos com esse sentido. Nos Estados Unidos, sua primeira aparição ocorreu em 24 de setembro de 1869, quando os especuladores Jay Gould e James Fisk tentaram manipular o mercado de ouro na Bolsa de Nova York. A intervenção do governo derrubou os preços e levou muitos investidores a grandes perdas.
2) Os desfiles de Papai Noel antecederam a Black Friday
Para muitos americanos, o desfile de Ação de Graças da Macy’s virou tradição, mas sua inspiração veio do Canadá. A loja Eaton’s realizou o primeiro desfile do Papai Noel em 1905, marcando o início da temporada de festas e incentivando as compras.
A ideia se espalhou e outras lojas de departamento adotaram o formato. Em 1924, a Macy’s organizou seu primeiro desfile em Nova York, com animais do zoológico do Central Park e participação dos próprios funcionários.
3) A data do Dia de Ação de Graças foi determinada pelas vendas
Do século 19 ao início do 20, seguindo tradição iniciada por Abraham Lincoln, o Dia de Ação de Graças era celebrado na última quinta-feira de novembro, o que variava entre a quarta ou quinta quinta-feira do mês.
Em 1939, essa última quinta-feira caiu no último dia do mês, reduzindo o período de compras natalinas. Lojistas pediram então ao presidente Franklin Roosevelt que antecipasse o feriado em uma semana — e ele aceitou.
Nos três anos seguintes, o feriado ficou conhecido como “Franksgiving”, sendo celebrado em dias diferentes pelo país. O impasse terminou em 1941, quando o Congresso decidiu que, dali em diante, o Dia de Ação de Graças seria sempre na quarta quinta-feira de novembro, garantindo mais tempo para as compras de fim de ano.
4) A síndrome da sexta-feira após o Dia de Ação de Graças
Segundo o pesquisador Bonnie Taylor-Blake, da Universidade da Carolina do Norte, a newsletter Factory Management and Maintenance reivindica ter usado o termo Black Friday pela primeira vez.
Em 1951, uma circular da publicação destacou o aumento de funcionários que “ficavam doentes” após o Dia de Ação de Graças, descrevendo a data como um dia em que muitos faltavam ao trabalho, deixando lojas e empresas quase vazias.
5) Black ou Big Friday?
O termo Black Friday ganhou força na Filadélfia, quando policiais, irritados com o trânsito intenso causado pelos consumidores, passaram a usar essa expressão para se referir ao dia. Incomodados com a conotação negativa, lojistas tentaram substituí-lo por “Big Friday”, conforme registrou um jornal local em 1961.
6) Com o tempo, Black Friday passou a significar 'voltar ao azul'
Lojistas tentaram dar um sentido positivo ao termo Black Friday, afirmando que marcava o momento em que as contas voltavam ao azul, indicando lucro — embora não haja provas disso.
O que é certo é que o período de festas concentra grande parte dos gastos do consumo anual. Porém, não se sabe quanto disso vira lucro, já que as lojas operam com margens reduzidas e oferecem grandes descontos.
7) A Black Friday não se tornou referência nacional até a década de 1990
O termo Black Friday ficou restrito à Filadélfia por muito tempo. Segundo Zimmer, ele chegou a aparecer ocasionalmente em Trenton, em Nova Jersey, mas só começou a se espalhar além da região nos anos 1980 — e ganhou alcance nacional apenas a partir de meados dos anos 1990.
8) Ela só se tornou o maior dia de compras do ano em 2001
Embora hoje seja vista como o maior dia de compras do ano, a Black Friday só conquistou esse título nos anos 2000. Antes disso, muitos americanos deixavam as compras para a última hora, e o dia mais movimentado do comércio era o sábado, não a sexta-feira.
9) Data gerou 'inveja' e ganhou o mundo
Durante anos, lojistas canadenses viam com certa inveja seus clientes viajarem aos Estados Unidos para aproveitar promoções. Com o tempo, passaram a criar suas próprias liquidações, mesmo que o Dia de Ação de Graças no Canadá aconteça um mês antes.
No México, a Black Friday ganhou o nome “El Buen Fin”, evento ligado ao aniversário da Revolução de 1910 e que costuma durar todo o fim de semana. No Brasil, onde o feriado não existe, a data entrou no calendário comercial quando os lojistas identificaram seu alto potencial de vendas.
10) A Black Friday corre risco de extinção?
Em 2011, o Walmart quebrou a tradição ao abrir suas lojas ainda na noite de Ação de Graças, antecipando a Black Friday. Desde então, diversos varejistas passaram a mirar os milhões de americanos dispostos a comprar logo após o feriado — momento que ganhou até um novo nome: “Quinta-feira Cinza”. No Brasil, muitas lojas também passaram a adiantar as promoções e, em alguns casos, estendê-las para depois da Black Friday.