Os cálculos renais ou pedras nos rins, como são mais conhecidos popularmente, se referem a um problema cujo nome científico é litíase urinária. Mais comum do que podemos imaginar, afeta um em cada dez brasileiros.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), houve um aumento de 20% de casos nos últimos dez anos, com incidência predominante em homens na faixa de 30 a 45 anos, mas também em mulheres e crianças.
O Urologista e Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Marcos Dall'Oglio explica que os cálculos renais são condições dolorosas marcadas pela formação de pedrinhas que obstruem o sistema urinário. "A formação endurecida pode surgir nos rins e interromper outro ponto do canal urinário, como, por exemplo, o ureter, canal que transporta a urina até a bexiga. Por ele ser muito estreito, a partícula acaba emperrada e, em decorrência de tentativa de expulsão, surge a dor intensa", complementa.
Mas afinal, como elas surgem? Os rins funcionam como dois grandes filtros de água. Além de reter a água para formar a urina, eles retêm diversos elementos, como, por exemplo, cálcio, ácido úrico e oxalato. Quando essas moléculas aparecem em grande quantidade e há pouco líquido retido para dissolvê-las, surgem cristais ou agregados que se juntam e viram cálculos.
"Não se pode esquecer da pedra estrutiva, que atinge principalmente as mulheres. A origem está associada a uma infecção causada pela bactéria Proteus Mirabilis, que altera o pH da urina, facilitando a junção de partículas de magnésio, fosfato e amônia", explica o urologista.
Abuso de sal, ingestão em excesso de alimentos ricos em cálcio e proteínas, pouco líquido na dieta, obesidade, hipertensão e predisposição genética são alguns dos fatores de risco para os cálculos renais aparecerem. Os sintomas são cólicas que começam na região lombar e migram para outras áreas, dor no baixo ventre, sangue na urina, náuseas, vômito e vontade de fazer xixi a toda hora.
Como prevenir os cálculos renais?
Segundo o urologista, a dieta é um fator preponderante no controle do problema. Para evitar a cristalização dos sais, o organismo humano precisa de água, portanto uma das primeiras regras é tomar bastante líquido. A recomendação diária é de 30ml por quilo de peso corporal, então, uma pessoa de 70 quilos precisa beber 2,1 litros de água por dia.
Maneirar no sal, nos embutidos (como linguiça, salsicha e salame), enlatados e macarrões instantâneos é outra medida aconselhada. Alimentos com alto teor de oxalato (espinafre, nozes, pimenta e chá-preto, por exemplo) também exigem moderação, quando já existe propensão a pedras desse tipo. Pessoas com alta concentração de ácido úrico no sangue devem ainda reduzir a ingestão de cerveja, carne vermelha e frutos-do-mar, uma vez que eles elevam ainda mais as taxas.
"Também é fundamental praticar exercícios regularmente, mudar os hábitos alimentares, evitando o excesso de bebidas alcoólicas e refrigerantes, além de maneirar no consumo de sódio. A quantidade varia conforme o nível de atividade física de cada pessoa, mas a recomendação geralmente é de 0,8 g a 2 g do nutriente por quilo de peso corporal. Ou seja, uma pessoa com 70 kg deve comer até 140 g de proteína por dia", finaliza Dr. Marcos Dall'Oglio.