Você está na França em 1564 e, nesse momento, na última semana do ano, você está juntando suas melhores especiarias, ervas aromáticas, e aquele tempero recém chegado da Ásia para um mega banquete ostentação fora do normal: é a maratona típica de festas e troca de presentes que antecede a virada do ano e dá as boas vindas à primavera.
Mas... esse ano menos pessoas apareceram. E no ano seguinte, menos ainda. No próximo você já é considerado um fiasco de anfitrião e os presentes que você recebe vêm com um "quê" suspeito de zoeira da Idade Média. Fora isso, a cada ano chegavam mais convites para festas de ano novo que nem sequer aconteciam de verdade. Todo mundo tirando sarro, ano após ano, e você só querendo se esconder atrás da armadura mais próxima, sem entender nada.
Pronto: esse foi o cenário das primeiras vítimas dos primeiros "Dia dos Tolos". O que elas não estavam entendendo é que, desde 1564 o Rei Carlos XI implementou o calendário gregoriano - elaborado pelo papa Gregório XIII (1502-1585) para os países católicos. Nesse novo calendário o ano iniciava no dia 1º de janeiro, não mais em 1º de abril, como a humanidade inteira já estava acostumada a comemorar.
Como eles estavam anos luz longe das notícias correrem em tempo real, alguns franceses demoraram para se adaptar ao novo detalhe – estes eram justamente o alvo de chacota daqueles que já estava por dentro das novas datas.
Com o tempo, a moda foi se espalhando pela Europa. O que começou apenas com o "Poisson d’avril” na França, depois se adaptou na Inglaterra como "April's fools", na Itália como “pesce d’aprile” e em outros tantos países, sem nunca mudar as regras: é o dia oficial para pregar peças nos outros — e ainda ter como desculpa um contexto histórico!
Essa teoria nunca foi definitivamente comprovada, mas é a mais plausível entre os historiadores.
"O deus mais trapaceiro de todos os deuses"
Um outro batismo dado à data que não possui nenhuma comprovação histórica é a celebração do deus Loki.
Segundo Carmen Seganfredo, autora de diversos livros de mitologias, entre eles "As Melhores Histórias da Mitologia Nórdica", a associação é uma crença que faz sentido. "O deus nórdico Loki é o deus mais trapaceiro de todos os deuses, sejam nórdicos, gregos, egípcios ou qualquer outro. É o arquétipo que mais se encaixa a esse deus."
A autora ainda diz que chamar este deus de travesso é pouco: "Ele aprontava coisas grandes. Enganava homens e deuses na maior cara dura".
Um exemplo? No conto “O desaparecimento de Miollnir” da autora, Thor tem seu martelo roubado pelos Gigantes. Para se divertir à custa da situação, Loki propõe que Thor se disfarce de mulher para conseguir se infiltrar entre os gigantes e então recuperar o objeto – e ele, mesmo com todo o seu excesso de virilidade e músculos, o fez.