Em mais uma edição do Jogo Aberto MN, o jornalista Amadeu Campos recebeu o vice-presidente do Sinduscon, Guilherme Fortes; a presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Piauí (Acomac) Teresa Mesquista; o deputado estadual Fábio Novo (PT) e o vereador de Teresina Aluísio Sampaio (Progressistas) para uma discussão com o tema: “Está na hora de retomar as atividades comerciais?”; o debate vem no momento em que diversos Governos vêm flexibilizando o isolamento e o Piauí avalia a reabertura de algumas atividades não-essenciais.
O vice-presidente do Sinduscon, Guilherme Fortes anunciou em primeira mão que o governador Wellington Dias (PT) vai renovar o decreto de isolamento até o dia 21, mas vai flexibilizá-lo, permitindo a reabertura de alguns setores, dentre os quais a construção civil.
A informação foi confirmada no início da noite e está embasada em decisão do Comitê Científico do Estado, que é composto por técnicos, pesquisadores e médicos. O Governo anunciará neste domingo quais os setores da construção civil serão contemplados e os critérios para a reabertura. Para a retomada dos serviços não essenciais serão avaliados alguns itens periodicamente, como: casos da covid-19; óbitos; internação; ocupações hospitalares; com a possibilidade de que haja uma retração na flexibilização, caso haja uma piora na situação epidemiológica.
“Ele trouxe números e números norteiam muito bem, o ponto principal é que a curva está decrescente na transmissibilidade. Ele anunciou, botou alguns critérios, vai renovar o decreto até o dia 21 e cada segunda-feira vai fazer uma nova análise. Os setores ele recebeu das ondas verde, amarelo e vermelho. Segunda-feira ele está liberado o setor verde, a construção civil está nele. Cabe agora os prefeitos entrarem num acordo, porque esse é o ponto”, disse.
Teresa Mesquita também indicou que as lojas de material de construção serão liberadas após a decisão do governador. No entanto, é importante indicar que a abertura dependerá do aval das Prefeituras.
“Entendemos que sim (serão contempladas), porque a Comac é a associação dos materiais de construção, então fazemos parte da cadeia da construção civil, então as lojas poderiam estar contempladas”, disse.
ASSISTA AO DEBATE NA ÍNTEGRA:
Questionado pelo jornalista Amadeu Campos sobre a possibilidade da flexibilização, o deputado estadual Fábio Novo (PT) defendeu que ela fosse postergada por mais 15 dias, destacando a necessidade de terminar a implantação dos novos leitos de UTI e dar publicidade aos protocolos de cada setor, para que a população tenha ciência e saiba quais as regras nos estabelecimentos. Novo ainda criticou a celeridade do Governo Federal em aprovar crédito para os empresários, citando o exemplo dos Estados Unidos e França, que adotaram ações no sentido de resguardar as empresas.
“Eu esperaria mais duas semanas, o Piauí fez um grande esforço, deveria se trabalhar mais estas duas semanas a instalação dos novos respiradores, eu fico bastante preocupado, sei que é muito doloroso opinar sobre isso, o setor econômico está agonizado, na Europa e nos Estados Unidos ocorreu de forma muito mais célere o auxílio para as empresas. Cito como o exemplo do DF e de Santa Catarina, que reabriram sem o devido cuidado e os casos cresceram. Sou a favor da abertura, devemos fazer de forma responsável. Penso que deveríamos trabalhar rapidamente com a instalação dos respiradores, e nesse período trabalhar os protocolos”, disse.
Sobre a questão, Amadeu Campos destacou que para a reabertura ser autorizada a Prefeitura deverá acatar, no caso de Teresina, o prefeito Firmino Filho (PSDB) terá um papel essencial na definição. Nisto, o vereador Aluísio Sampaio, que pertence à base aliada, disse acreditar que o município está próximo da flexibilização em alguns setores.
“Na minha visão pessoal o decreto do governador norteia todo o Estado, cada prefeito pode por sua competência, no caso a Prefeitura não permitindo, prevalece à decisão do prefeito. Creio que é questão de dias o prefeito e governador anunciarem a reabertura; eu acredito que esta semana o prefeito pode anunciar alguma coisa em relação à flexibilização. O prefeito tem feito um trabalho muito responsável e quem vai decidir é ele, eu não posso interferir”, comentou.
Diante disto, o vice-presidente do Sinduscon defendeu que a construção civil já tem um protocolo, que inclusive foi replicado por Estados como o Maranhão e Ceará, defendendo que o setor está pronto para a retomada segura. Questionado sobre os prejuízos com a pandemia, ele indicou que são incalculáveis.
Jogo Aberto MN (Reprodução/ MN+)
“Acho que não deveríamos ter segurado tanto tempo. O custo dessa parada é incalculável, hoje temos 4,5 mil pessoas desempregadas. As armas estão acabando, acho que dificilmente o Brasil vai fazer uma MP para Teresina, Teresina está isolada. Com relação ao retorno, por esse grau de transmissibilidade, pela Busca Ativa, pela responsabilidade, a retomada deve ser imediata”, frisou.
Por sua vez, Teresa Mesquita fez um apelo a Prefeitura autorize a reabertura das lojas de material de construção, de acordo com ela, já há inclusive um protocolo, que foi apresentado ainda em abril.
“A Comac sugeriu soluções ainda em março para diminuir o risco de contágio dentro das lojas, os lojistas do material de construção o tempo todo souberam da responsabilidade e da gravidade do vírus, sabemos que é imprescindível a redução do pessoal dentro da loja. 90% das lojas de material de construção são pequenas e correm grande risco de falência. A gente não aguenta mais, o sacrifício é de hoje, agora”, disse.
Comércio no pós pandemia
Questionada sobre a retomada nas vendas pós pandemia, Teresa indicou que as lojas terão o desafio de mostrar segurança aos clientes, para que eles possam retornar aos poucos.
“Como era antes não volta mais, agora o varejo tem uma natureza dinâmica, não sabemos como os clientes vão voltar às lojas, mas sabemos é que as lojas precisarão demonstrar segurança aos seus clientes, isto que determinará o retorno dos clientes. Essa sensação de segurança precisa ser produzida, a partir destes critérios todos, mas vai ser gradativa a volta das pessoas”, afirmou.
Respiradores
O jornalista Amadeu Campos transmitiu ao deputado estadual Fábio Novo o questionamento do telespectador sobre os respiradores, a motivação pela compra e montagem não ter ocorrido antes. O deputado estadual, que se licenciou recentemente da Secretaria de Cultura, explicou que o Estado tentou, mas teve os equipamentos retidos pelo Governo norte-americano.
“Nenhum cidadão de bem deseja que o empresário feche sua loja e deixe de trabalhar, mas é bom dizer que estamos numa pandemia, o Estado comprou respiradores, mandaram um avião na China, fez uma escala nos Estados Unidos e toda a mercadoria foi apreendida, então só agora que se conseguiu os respiradores, eles foram comprados, mas não chegaram e outra coisa: quando a pandemia chegou todos queriam respiradores, então se tentou. Não é que faltou tempo, os números provam, se a Prefeitura e o Estado não tivessem adotado as medidas que adotou, estamos entre o Maranhão e Ceará, então vamos comparar os números”, complementou.