Vacina para Covid-19 mostra resultados preliminares

Pesquisa foi aceita para publicação e está em fase 3 de testes no Brasil.

Profissional de saúde prepara vacina necessária para retorno às aulas em Los Angeles, | Valerie Macon/AFP
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

A vacina BNT162b1, candidata a imunização contra a Covid-19 das farmacêuticas BioNTech e Pfizer, induziu a produção de anticorpos e a resposta de células de defesa nos testes em humanos, mostram resultados preliminares de fases 1 e 2 aceitos para publicação e disponibilizados on-line nesta quarta-feira (30) na revista científica "Nature", uma das mais importantes do mundo. Não houve efeitos colaterais graves. Informações do site G1

A imunização é uma das quatro sendo testadas em fase 3 no Brasil – neste caso, em Salvador e São Paulo. As outras são a da Johnson, a de Oxford e a da Sinovac.

Profissional de saúde prepara vacina necessária para retorno às aulas em Los Angeles,

Os cientistas testaram doses de 1 a 60 µg (microgramas) da BNT162b1, com reforço para todas elas exceto a de 60µg. As doses que foram aplicadas com reforço geraram respostas "robustas" de anticorpos e de células T, um tipo de célula de defesa do organismo que pode indicar uma imunidade a longo prazo contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2). Já houve casos relatados na ciência em que pessoas expostas ao vírus apresentavam células T específicas contra ele mesmo sem os anticorpos.

As células T vistas foram tanto do tipo CD4+ como do tipo CD8+: as primeiras, conhecidas como "auxiliares", sinalizam para a produção de anticorpos e para as células CD8+, que destroem as células infectadas pelo vírus.

As doses da vacina também conseguiram induzir a produção de um tipo de anticorpo, o IgG, em concentrações maiores do que as vistas em pessoas que já haviam se recuperado da Covid-19 (foram coletadas amostras de 38 pacientes convalescentes). A dose de 1µg foi capaz de induzir uma concentração 0,7 vezes maior, e a dose de 50 µg induziu uma concentração 3,5 vezes mais alta

Isso é importante porque a ciência ainda não sabe, exatamente, qual é a quantidade de anticorpos neutralizantes capaz de proteger alguém da doença.

Os resultados, apontam os cientistas, "sugerem múltiplos mecanismos benéficos com potencial para proteger contra a Covid-19".

Os testes

Os testes foram feitos na Alemanha, entre 23 de abril e 22 de maio, com 60 voluntários saudáveis com 18 a 55 anos de idade, divididos em cinco grupos com 12 integrantes cada um. Eles receberam doses de 1µg, 10µg, 30µg, 50µg ou 60µg da vacina. Os cientistas sinalizaram o pequeno número de participantes como uma limitação do estudo.

Uma segunda dose da vacina foi aplicada em todos os participantes – exceto em dois que saíram do estudo antes da segunda imunização, por motivos pessoais – e nos que receberam a maior dose, de 60µg. Os cientistas decidiram não aplicar uma segunda dose de 60µg por causa da intensidade dos efeitos colaterais vistos no reforço da dose de 50µg. Ao medir a resposta imune gerada pela única aplicação de 60µg, entretanto, concluíram que uma dose de reforço era necessária.

Segundo os cientistas, os anticorpos neutralizantes gerados pelas duas doses da vacina mostraram um declínio no 43º dia após a vacinação; os cientistas ainda pretendem medir, nos próximos seis meses, quanto tempo duraram os anticorpos dos participantes deste estudo. Pesquisas anteriores já haviam mostrado que os anticorpos para o Sars-CoV-2 tendem a desaparecer depois de algum tempo.

Nos testes, os voluntários sabiam que estavam sendo vacinados para a Covid-19 (não foi um estudo do tipo "duplo-cego", em que nem os pesquisadores, nem os participantes sabem quem recebeu a vacina e quem recebeu uma substância inativa, o placebo). Além disso, os voluntários não foram alocados de forma aleatória (randomizados) para receber ou não a vacina, porque também não houve grupo controle (que recebe o placebo).

As farmacêuticas já haviam feito testes randomizados e com duplo-cego e publicado os resultados no mês passado, também na "Nature". Os dados iniciais – pois os resultados ainda estão sendo estudados – apontaram que a BNT162b1, além de segura, tinha conseguido induzir a geração de anticorpos em humanos.

Carregue mais
Veja Também
Tópicos
SEÇÕES