Teste de Covid-19 por saliva utiliza técnica mais barata que o RT-PCR

Teste do tipo RT-LAMP chegou às farmácias brasileiras no fim de dezembro, com resultado que sai em até 24 horas. Especialistas explicam nova técnica.

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Um novo teste para detectar o novo coronavírus através da saliva está disponível em farmácias desde o final de dezembro. Este teste é chamado de RT-LAMP ( sigla em inglês para "transcrição reversa seguida por amplificação isotérmica mediada por loop"), e identifica o RNA (código genético) do vírus na amostra de pessoas infectadas durante a fase ativa do vírus. As informações são do G1. 

É um método de detecção rápida de vírus, surgido em 2012 e já utilizado para outras doenças como a dengue, zika, a chikungunya e encefalite japonesa. Eles variam de R$ 90 a R$ 170, em média, de acordo com o laboratório e o método de coleta. Os pacientes que optarem pela retirada do material em casa, têm custo mais alto.

"Ele é capaz de detectar, diferenciar e quantificar carga viral com sensibilidade, rapidez e especificidade", explica Larissa Brussa, biotecnologista da Universidade Federal de Pelotas e especialista em genética. Sensibilidade e especificidade são termos médicos para a identificação de pessoas infectadas e não infectadas, respectivamente.

Foto: Reprodução/RPC


Diferenças entre o RT-LAMP e o RT-PCR?

Segundo Cesar Nomura, superintendente de medicina diagnóstica do Hospital Sírio-Libanês, o RT-LAMP tem menos etapas de processamento em relação ao RT-PCR, o teste mais comum até o momento para detectar se a pessoa está doente naquele momento. Por isso, seu resultado sai mais rapidamente, em até 24 horas após a coleta.

Brussa explica que, diferentemente do RT-PCR, o RT-LAMP não precisa de equipamentos "sofisticados", o que barateia e simplifica o diagnóstico. A análise é feita em tempo real: o resultado é obtido durante um processo de reação a que é submetido em laboratório.

Além disso, por usar a saliva como base, elimina o desconforto que os testes com cotonete no nariz podem causar, como náusea e vertigem. A diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, Annelise Lopes, também destaca que a saliva oferece menor risco aos profissionais de saúde porque a coleta é feita pelo próprio paciente. "Por ser menos invasivo, permite a coleta múltiplas vezes pela mesma pessoa, auxiliando na identificação precoce dos casos e rápido isolamento e controle de contactantes", explica.

O Hospital Sírio-Libanês colaborou com o desenvolvimento do teste RT-LAMP do laboratório Mendelics, comercializado em farmácias brasileiras, mas Nomura ressalta que o RT-PCR ainda é o mais indicado. "Nós validamos e oferecemos o teste, mas precisamos reforçar que o melhor teste é o RT-PCR Swab. Estamos trabalhando para ajudar a população e por isso desenvolvemos, mas é inferior. Acho importante dizer para as pessoas que elas não devem trocar um teste mais sensível por um material com sensibilidade menor", ressalta Nomura.

O exame

O teste pode ser feito em farmácias, laboratórios e mesmo em casa. Ele funciona por meio da coleta de saliva, de 2 a 5 mL, que deve ser depositada em um tubo coletor. A amostra pode ser conservada até três dias em temperatura ambiente.

Quando é recomendado fazer o teste?

De acordo com os especialistas, os testes são indicados para pessoas que estão com sintomas da Covid-19, principalmente após terceiro dia do aparecimento de sintoma. No caso de pessoas que estiveram expostas ao vírus, por contato com infectados ou por situações de risco, mas ainda não apresentam sintomas, o indicado é fazer o teste a partir do 7º dia da exposição.

"Pessoas que tiveram exposição recente, mas estão assintomáticas, podem ser testadas a partir de cinco a sete dias do contato, quando a probabilidade de um resultado positivo se eleva. Lembrando que, neste cenário, o período de incubação do vírus pode levar até 14 dias, portanto um resultado negativo realizado precocemente não tem a capacidade de excluir a doença", explica Annelise Lopes. O teste RT-LAMP identifica se a pessoa está infectada com o vírus no momento da coleta. Ele detecta a presença do material genético do vírus na saliva durante sua fase ativa.

O resultado é preciso?

De acordo com o infectopediatra Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia, ainda não existe um consenso sobre o percentual de eficácia deste teste, mas ela tem pequenas variações dependendo do laboratório que o oferece.

De acordo Nomura e a bióloga molecular Mel Markoski, os testes oferecidos no Brasil têm eficácia de cerca de 90%. A sensibilidade (capacidade de detectar os pacientes infectados) costuma ser menor do que a especificidade (capacidade de detectar pacientes não infectados).

A sensibilidade também varia de acordo com a etapa da infecção, segundo a diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica. "Em pacientes nos primeiros dias de sintomas, a saliva pode ter uma sensibilidade superior a 90% comparada à nasofaringe. Entretanto, em pacientes com carga viral mais baixa, como aqueles assintomáticos ou em fases mais tardias, essa sensibilidade pode cair", diz.

Segundo Nomura, o teste pode ter resultado falso-negativo caso seja feito em pacientes com baixa carga viral. "Se um paciente com sintomas fizer o teste, o resultado for negativo e os sintomas continuarem, ele precisa repetir o teste em até 72 horas", explica.

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