Segunda onda da covid é ainda mais cruel para plantonistas

No caso de Gabriela Diniz, intensivista do Hospital das Clínicas e do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, o que pega é o “cansaço crônico”.

No caso de Gabriela Diniz, intensivista do Hospital das Clínicas e do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, o que pega é o "cansaço crônico". | Divulgação
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"Gente, alguém pode me ajudar no plantão amanhã no Covid? Motivo: exaustão".  Mensagens como essa, de alguém implorando para trocar um plantão marcado, se tornaram comum nos grupos de médicos. Prints delas chegaram a circular no Twitter. A médica Ana Paula Rodrigues Arias, que trabalha em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em São Paulo, confirma. Ela se prepara para voltar a fazer plantões em enfermarias de Covid, onde trabalhou até maio.

Ana Paula, assim como outras profissionais ouvidas por esta coluna, conta como anda a saúde mental dos profissionais que atuam na linha de frente no momento em que notam um crescimento exponencial dos casos. Em geral, as médicas e enfermeiras estão exaustas. São comuns ataques de choro, uso de remédios controlados e sintomas de estafa.

A enfermeira Shana Telo, Porto Alegre, está em isolamento, com COVID, contaminada pela segunda vez. 

"Agora é muito pior do que na primeira onda porque as pessoas estão cansadas, ninguém mais faz isolamento. Me sinto lutando sozinha em uma guerra", diz Ana Paula. A médica nota aumento de mais de 50% de casos de covid na unidade em que trabalha mais de 40 horas semanais. Além do cansaço físico, ela relata medo e solidão. Recém-formada, Ana Paula já perdeu a conta de quantos pacientes viu morrer: "Já tive vários ataques de choro no plantão".

No caso de Gabriela Diniz, intensivista do Hospital das Clínicas e do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, o que pega é o "cansaço crônico". "Às vezes consigo ficar uns dois dias longe do hospital. Mas é um cansaço constante. Passei a fazer terapia e tenho o péssimo hábito de fumar. Uso o cigarro como Rivotril, para aliviar os momentos de tensão."

A enfermeira Shana Telo, 40, de Porto Alegre, tem 16 anos de experiência, já é veterana na profissão, mas pela primeira vez passou a ter ataques de pânico e sentir medo no trabalho. No momento, ela está em isolamento, contaminada com covid pela segunda vez. "Quando recebi o resultado chorei muito. Eu tomo muito cuidado. Fiquei revoltada que isso acontecesse de novo", contou. Nas duas vezes em que se infectou, ela se contaminou no trabalho.

Confira os depoimentos

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