A história do Navio Diamond Princess se tornou um caso emblemático para se estudar o poder de espalhamento do novo coronavírus – sobretudo em ambientes fechados. Dos 3.711 ocupantes, entre passageiros e tripulantes, pelo menos 712 foram infectados. Isso significa quase 20% do total de pessoas à bordo. Desses, 7 morreram. As informações são da revista SuperInteressante.
Algumas particularidades na forma como o contágio ocorreu chamaram a atenção. Cerca de 46,5% dos casos detectados (o equivalente a 331 pessoas) não apresentava sintomas – e, ainda assim, estava com o vírus.
E o mais interessante: 17,9% das pessoas que testaram positivo jamais tiveram tosse, falta de ar, febre ou qualquer outra reação natural típica da Covid-19. Ou seja, ficaram livres do Sars-Cov-2 sem sequer perceber que haviam sido contaminados. Todos esses dados integram um novo relatório do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, órgão do Ministério de Saúde dos Estados Unidos).
Algo que o documento mostrou também é que a capacidade do novo coronavírus de resistir fora de um hospedeiro pode estar sendo subestimada. Como você, leitor da SUPER, soube por aqui, o novo coronavírus pode sobreviver algumas horas no ar – forma que costuma ser mais contagioso – e atpe 3 dias em superfícies como plástico e metal. O estudo que chegou a esses números foi assinado por pesquisadores americanos, e publicado no New England Journal of Medicine.
Mas agora, pesquisadores detectaram RNA viral do novo coronavírus nas cabines do Diamond Princess 17 dias após a embarcação ser completamente esvaziada. Isso aconteceu após o navio passar duas semanas ancorado no porto de Yokohama, no Japão, em uma espécie de quarentena coletiva.
Vale, porém, notar uma coisa: a presença de material genético do vírus no navio não garante que novas infecções poderiam acontecer após tanto tempo. Não dá para saber se alguém que usasse as cabines do Diamond Princess duas semanas depois ainda contraísse Covid-19. Após a coleta dos pesquisadores, uma equipe realizou um trabalho de limpeza e descontaminação da embarcação.
“Embora esses dados não possam ser usados para determinar se a transmissão ocorreu a partir de superfícies contaminadas, é necessário um estudo mais aprofundado sobre a transmissão de SARS-CoV-2 à bordo de navios de cruzeiro”, conclui o relatório do CDC.
Para além disso, a permanência de resquícios de vírus por períodos tão longos mostra que estabelecimentos comerciais – como bares ou restaurantes – de regiões muito afetadas não podem se apressar demais em voltar a abrir as porta. Pelo menos enquanto o vírus ainda estiver se espalhando rapidamente.