Um bebê recém-nascido morreu de Covid-19 no domingo (14), em Rio Claro (SP), quatro dias após ser internado com sintomas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular. As informações são do G1.
Ele apresentou problemas respiratórios duas horas após o nascimento. Os médicos suspeitam que o bebê tenha sido contaminado ainda na barriga da mãe, que também testou positivo. O caso é extremamente raro, segundo o hospital.
O óbito foi registrado no boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura na noite de segunda-feira (15). A cidade tem 9.694 casos confirmados da doença, com 241 mortes.
Suspeita levantada pelo pai
O pai de Matheus, Isaac Marangoni dos Santos, de 44 anos, disse ao G1 que o exame que atestou Covid foi feito dois dias após o nascimento do filho, somente depois que ele levantou a hipótese da doença. Antes, os médicos estavam tratando como infecção bacteriana.
“Incompreensível, inaceitável e revoltante. O bebê nasceu com saúde, ficou nos meus braços e de repente tudo aconteceu. Matheus foi enterrado sem respostas. De repente, uma criança que nasce normal e acontece tudo isso", disse.
Problemas respiratórios
A mãe da criança deu entrada no hospital da Unimed para fazer uma cesárea agendada, na quarta-feira (10). De acordo com o relato da diretoria técnica do hospital, a cirurgia correu normalmente e a criança nasceu bem.
O bebê foi levado ao quarto da mãe para ser amamentado, mas cerca de duas horas após seu nascimento começou a apresentar problemas respiratórios. Ele foi internado na UTI, seu quadro de saúde piorou e na quinta-feira (11) precisou ser entubado, permanecendo assim até sua morte no domingo.
O teste RT-PCR foi feito após uma tomografia apontar o padrão específico de Covid. A mãe também foi testada e teve o mesmo resultado positivo.
Com base na rapidez da evolução dos sintomas, os médicos do hospital acreditam que o bebê tenha sido contaminado ainda na barriga da mãe, um caso extremamente raro.
Segundo a diretoria técnica da Unimed, existem relatos na literatura sobre este tipo de transmissão da doença, mas, nos casos relatados, a mãe desenvolveu a doença, o que não se aplica ao caso de Rio Claro em que a mãe está assintomática.
Possível reinfecção
A mãe, Adriana Raquel de Godoy Zaniolo, de 40 anos, já havia contraído Covid-19 em julho de 2020 e também foi assintomática, segundo ela, antes de ficar grávida de Matheus, sua terceira gestação que evoluiu normalmente.
Os médicos da Unimed acreditam que ela teve uma reinfecção e enviaram amostras para análise para identificarem se ela foi contaminada por alguma variante do novo coronavírus.
De acordo com o hospital, antes da cesárea, Adriana passou por uma triagem e não apresentou sintomas de Covid. O teste foi solicitado apenas diante da evolução rápida do agravamento do quadro do bebê. O pai não foi testado.
A mãe teve alta do hospital a tempo de participar do enterro do filho, na manhã de segunda-feira, no Cemitério Municipal de Rio Claro.
Investigação
A família irá pedir investigação sobre o caso de Matheus. “A gente quer respostas”, disse Adriana. Ela contou que o bebê começou a passar mal em seus braços.
“Ele procurou o peito para se alimentar, ficou mais uns minutos com a gente e, repentinamente, começou a sentir dificuldade para respirar, parecia que queria chorar e não conseguia”, disse a mãe.
Adriana contou que levaram seu filho com a previsão de logo voltar, mas não foi isso o que aconteceu. Após ser internado na UTI, ele não retornou.
Ela conta que o quadro clínico da criança piorava e a preocupação aumentava, pois os médicos continuavam a fazer exames. “Se somar o tempo que eu fiquei com meu filho no colo não deu meia hora”, disse.