Novo estudo mostra que hidroxicloroquina aumenta risco de morte

O trabalho analisou 96.032 pacientes hospitalizados com o novo coronavírus em todos os continentes.

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O maior estudo realizado até o momento com a hidroxicloroquina e cloroquina constatou que os pacientes que receberam os medicamentos à base das drogas tiveram um risco bem maior de morte em comparação aos que não receberam. As informações são do IG. 

As pessoas tratadas com as substâncias também apresentaram maior probabilidade de desenvolver arritmia cardíaca, que pode levar à morte súbita. O estudo, publicado nesta sexta-feira na revista médica The Lancet, foi liderado por Mandeep Mehra, professora e médica da Harvard Medical School.

O trabalho analisou 96.032 pacientes hospitalizados com o novo coronavírus em todos os continentes e é a maior análise até hoje dos riscos e benefícios do tratamento de Covid-19 com 19 medicamentos que possuem substâncias antimalária.

Agência O Globo

O estudo se baseia em uma análise retrospectiva dos prontuários médicos, e não em um estudo controlado no qual os pacientes são divididos aleatoriamente em grupos de tratamento – um método considerado o padrão ouro da medicina. "Sabemos pouco da eficácia da cloroquina, mas conhecemos os danos", diz agência

Estudos anteriores também encontraram pouca ou nenhuma evidência do benefício da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes doentes, enquanto surgiram relatos de problemas cardíacos perigosos associados ao seu uso. Como resultado, a Food and Drug Administration alertou no mês passado contra o uso do medicamento fora do ambiente hospitalar ou de ensaios clínicos.

Mesmo assim, os presidentes Jair Bolsonaro, do Brasil, e Donald Trump, dos EUA, seguem na defesa do medicamento. O Ministério da Saúde, inclusive, ampliou o uso de medicamentos à base de cloroquina para pacientes com sintomas leves da Covid-19 em novo protocolo divulgado na quarta-feira.

O documento contraria uma nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que dizia ser necessária a realização de estudos sobre a "segurança e a eficácia" do medicamento.

Já Trump disse nessa semana que estava se medicando com cloroquina como prevenção à Covid-19. Na quinta-feira, ele disse que encerraria o tratamento nos próximos dias. A nova análise feita por Mandeep Mehra e colegas de outras instituições incluiu pacientes com teste positivo para a covid-19 que foram hospitalizados entre 20 de dezembro de 2019 e abril 14 de 2020, em 671 centros médicos de todo o mundo. A idade média foi de 54 anos e 53% eram homens.

Foram excluídos aqueles que usavam ventiladores mecânicos ou que receberam remdesivir, um medicamento antiviral que se mostrou promissor na diminuição do tempo de recuperação.

Mehra disse que o uso generalizado desses medicamentos no tratamento da Covid-19 se baseava na ideia de "uma doença sem cura exige medidas desesperadas", mas que aprende-se uma dura lição com a experiência sobre a importância de não prejudicaro paciente em primeiro lugar.

– Eu gostaria que tivéssemos essas informações desde o início, pois houve danos potenciais aos pacientes – afirmou.

Quase 15.000 dos 96.000 pacientes na análise foram tratados com hidroxicloroquina ou cloroquina isoladamente ou em combinação com antibióticos como azitromicina ou claritromicina, dentro de 48 horas após o diagnóstico.

A diferença entre os pacientes que receberam os medicamentos antimalária e os que não receberam foi grande. Para aqueles que receberam hidroxicloroquina, houve um aumento de 34% no risco de mortalidade e 137% de risco de arritmias cardíacas graves. Para aqueles que receberam hidroxicloroquina e um antibiótico, houve um aumento de 45% no risco de morte e um aumento de 411% no risco de arritmias cardíacas graves.

Quem recebeu cloroquina teve aumento de 37% de risco de morte e 256% de risco de arritmias cardíacas graves. Para aqueles que tomam cloroquina e um antibiótico, houve um aumento de 37% no risco de morte e um aumento de 301% no risco de arritmias cardíacas graves.

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