Um vídeo que circula nas redes sociais tem emocionado quem o assiste. Nas imagens, o músico Rafael Borges, de 20 anos, toca violino enquanto o corpo da mãe é enterrado no Cemitério de Messianópolis, distrito de Moiporá, cidade no oeste goiano. A melodia se mistura ao choro daqueles que mais amavam Selma Maria Borges de Oliveira, que morreu de Covid-19 aos 46 anos.
O corpo dela foi enterrado na manhã do último domingo (14), com a presença somente dos familiares mais próximos. Segundo Rafael, a homenagem, que durou cerca de cinco minutos, foi um pedido de Selma ao filho quando ela ainda estava viva.
“Quando recebi a notícia que ela não tinha resistido, foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Eu me lembro como se fosse ontem ela falando que queria que tocassem essa música quando ela morresse. E foi o que eu fiz. Não consegui falar nada, apenas tocar”, conta o filho.
De acordo com o filho, Selma testou positivo para a Covid-19 no dia 6 de março. No início, sem apresentar graves sintomas, ela ficou em isolamento, em casa. No entanto, na última quinta-feira (11), ela começou a sentir falta de ar e foi levada pela família ao Hospital Regional de São Luís de Montes Belos.
“Percebemos que ela não estava bem quando ela começou a tossir muito enquanto tomava banho. Levamos ela para o hospital e de lá ela não saiu mais. Já chegou precisando de oxigênio. Foi tudo muito rápido”, conta.
Um dia após ser internada, Selma precisou ser entubada. Com a saturação muito baixa, ela sofreu uma parada cardíaca e chegou a ser reanimada, mas morreu no dia seguinte.
“Lembro dos nossos últimos dias juntos. Do amor de filho e de mãe que tínhamos um pelo o outro, de como cuidei dela. O que nos conforta é pensar que uma força divina a levou. Infelizmente, essa era a hora de ela partir”, lamenta.
Ainda bastante emocionado com a morte da mãe, Rafael conta que esteve ao lado dela nos seus últimos dias de vida. Por ter acompanhado de perto como tem sido o trabalho dos profissionais de saúde, ele faz um apelo para que a população não minimize a pandemia.
“Eu vi com os meus próprios olhos que esse vírus mata. Eu ouvi muita gente falar que os médicos estavam matando as pessoas, que não tinha lógica tanta gente morrer assim. Mas eu posso falar com toda a certeza do mundo que eles estão fazendo além do que podem. Esse vírus mata. Matou a minha mãe e pode matar muita gente”, afirma.