Santa Catarina chegou a 20 mil pessoas mortas pela Covid-19, após quase um ano e nove meses de registrar o primeiro óbito por conta da pandemia. Os dados foram divulgados pelo governo do estado na quarta-feira (1°), mesmo dia em que Elza Parmegiani Pain morreu vítima da doença em Xanxerê, no Oeste catarinense.
Segundo familiares, a morte dela ocorreu 22 dias depois de perder o marido, Oscar Miguel Pain, de 68 anos. Os dois contraíram coronavírus e moravam em Ponte Serrada, mesma região.
"Essa dor nunca vamos superar, nunca vamos aceitar. É um sentimento de ódio e revolta. Eles se cuidavam ao extremo. A nossa mãe nem saía de casa se não fosse para ir ao médico. Os dois tinham as duas doses da vacina. Dói lembrar o quanto eles lutavam para viver e não queriam nos deixar sozinhas aqui", desabafou uma das filhas do casal, Sarita Pain.
De acordo com um sobrinho, Andre Felipe Cardoso, o casal recebeu as duas doses da vacina contra Covid. Elza foi sepultada no mesmo jazigo do companheiro, nesta quinta-feira (2), no cemitério municipal. Cardoso disse que a mulher não soube da morte do marido.
O caso do casal é motivo para novamente responder a pergunta: como é possível morrer de Covid ou se contaminar com o vírus mesmo após ter completado o esquema vacinal?
Segundo os estudos conduzidos com cada uma das vacinas em uso contra a Covid-19, é possível morrer uma vez que os imunizantes diminuem, mas não zeram, a chance de casos graves e de morte pela doença. É por isso que, além de se vacinar, você deve manter as outras medidas de proteção contra a doença.
"Uma boa vacina é como se fosse um bom goleiro. E como sabemos que o goleiro é bom? Vamos olhar o histórico dele. A frequência com a qual ele faz defesas. Se ele defende com frequência, ele é um bom goleiro. Isso não quer dizer que ele é invicto, que ele nunca vai deixar de tomar gol. Mas, mesmo se tomar gol, ele não deixa de ser um bom goleiro. Precisamos olhar o histórico dele", explica a a microbiologista Natalia Pasternak.
Internação recente
O casal, que estava junto há 44 anos, deixou três filhas. Jucélia Pain, a mais velha, relembra que o pai passou por uma cirurgia e sofreu hemorragia intestinal.
Após receber alta, Oscar se queixou de dores, febre e em seguida foi diagnosticado com a doença respiratória. Ele foi internado no Hospital Regional São Paulo no dia 28 de outubro e morreu 14 dias depois.
Já a mãe, segundo ela, foi hospitalizada em 31 de outubro, e encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva para intubação em 8 de novembro.
"Ele conheceu a neném só por foto e a minha mãe viu a bebê meia horinha antes de ir para o hospital", relembra Jucélia, ao falar sobre a filha da irmã e neta do casal, recém-nascida.