Diante da provável necessidade de uma terceira dose da vacina contra a Covid-19 para idosos e pessoas com problemas de imunidade, o Ministério da Saúde está se planejando para iniciar a aplicação em setembro. A secretária especial da Covid, Rosana Leite de Melo, afirmou que o governo já dispõe do quantitativo necessário para a imunização desse público, que poderá receber uma vacina diferente da utilizada nas duas primeiras doses.
A ampliação da terceira dose para profissionais da saúde, de acordo com ela, ainda não está definida, embora as chances também sejam grandes. Já a inclusão de toda a população adulta ainda vai depender dos resultados de estudos e também da disponibilidade de vacinas no mercado mundial.
Todos os adultos
O Ministério da Saúde contratou recentemente uma análise para direcionar a decisão de estender a terceira dose para todos os adultos. Para esse público, o intervalo entre a segunda e a terceira aplicação será de seis meses.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou estudos para dose de reforço com as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca. A Janssen também sinalizou que deseja iniciar os estudos. NA quarta-feira (18), a diretoria do órgão aprovou uma recomendação para a aplicação da terceira dose da Coronavac em idosos e imunossuprimidos. Vetou, no entanto, a vacinação de crianças a partir de 3 anos.
Cerca de 600 milhões
A secretária lembrou que o governo tem garantidas cerca de 600 milhões de doses, já descontando as vacinas Covaxin e Sputnik V, cujos contratos serão rescindidos. Desse montante, quase a metade está prevista para chegar ao país entre setembro e dezembro, o que seria suficiente para dar a terceira dose a esse grupo prioritário.
Ela lembrou que boa parte das entregas previstas para o último quadrimestre são da vacina da Janssen, que é aplicada em dose única. De acordo com o cronograma da pasta, está prevista a chegada de 74 milhões de doses desse imunizante, o suficiente para vacinar completamente o mesmo número de pessoas.
Novas contratações
Uma eventual ampliação para todos os adultos, no entanto, dependeria de novas contratações. O ministério já abriu negociações com a Pfizer para um eventual aditivo, mas os volumes ainda não foram discutidos. Outra possibilidade era a compra da dose de reforço desenvolvida pela farmacêutica americana Moderna. Também havia uma expectativa para a utilização da Butanvac, vacina 100% nacional em desenvolvimento pelo Instituto Butantan.
As compras, no entanto, podem esbarrar na estratégia dos países mais ricos. Caso se decida pela aplicação da terceira dose nos Estados Unidos e na Europa, a oferta para as nações em desenvolvimento tende a cair, com maior dificuldade para obtenção das doses. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou apelo para que a terceira dose só seja aplicada após os países mais pobres conseguirem dar ao menos a primeira dose.
Os montantes de vacinas devem sempre considerar o percentual de perdas, que costuma ser calculado na faixa de 5%. Segundo a secretária da Covid, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem enviado por segurança um volume extra de 10% aos Estados, mas as perdas tem ficado abaixo desse patamar.