Ministério da Saúde acredita que o pior da ômicron ainda está por vir

Governo avalia que o pico de infecções provocadas pela nova variante da covid-19 não chegou, o que deve ocorrer em fevereiro. Média móvel de internações em São Paulo, entretanto, está em queda

ministro | reprodução
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Dois meses após o surgimento da variante ômicron e da confirmação dos primeiros casos da cepa no Brasil, o país vê o mês de fevereiro chegar com o recorde de casos positivos relatados em um só dia e o registro de mortes por covid-19 voltar ao patamar dos milhares. 

Mesmo com quase 300 mil casos confirmados em um só dia, o Ministério da Saúde acredita que ainda não atingiu o pico da onda causada pela variante que já domina 95,9% das amostras sequenciadas.

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga - Foto: Agência Brasil

A avaliação foi feita pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, neste sábado. "Estou com a equipe do Ministério da Saúde analisando a última semana epidemiológica do país. Tivemos aumento de casos causado pela covid-19, e ainda não chegamos no pico da onda causada pela ômicron. O enfrentamento contra a doença continua", disse, pelas redes sociais.

O infectologista do Hospital Brasília/Dasa André Bon explica que as estimativas do pico em uma nova onda do vírus são baseadas no comportamento da variante em outros países, mas também no aumento de casos no próprio país. No entanto, ele ressalta que o tamanho do Brasil pode fazer com que estados e cidades vivam essa alta máxima em momentos distintos. "Como o Brasil é muito grande, acontecem picos em diferentes cidades em momentos diferentes. Por exemplo, é possível que Rio e São Paulo já tenham passado por momentos piores do que estão passando agora. Brasília talvez esteja atingindo seu pico", explica.

Exemplo citado pelo infectologista, o estado de São Paulo começa a ver as novas internações por covid-19 começarem a cair desde o início de fevereiro. A média móvel de novas internações pela doença no estado caiu 9,5% da última semana de janeiro para a primeira deste mês. Essa média estava em alta no estado desde 13 de dezembro, quando os casos da ômicron começaram a ser revelados no Brasil.

O professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Sanchez também espera que a variante se comporte como em outros países, e, após o pico, venha uma estabilidade dos casos. O médico também enfatiza, porém, que o vírus se comporta diferente em cada região. "A velocidade da queda que é a grande questão, mas, provavelmente, no fim de março a gente deve estar em níveis melhores", prevê.

Mesmo que a variante ômicron cause infecções menos graves devido à vacinação da maioria da população brasileira, os médicos apontam que essa incidência muito alta de novos diagnósticos ainda pressionará o sistema de saúde. Por isso, o infectologista do Hospital Brasília/Dasa alerta que os estados ainda poderão observar a ocupação hospitalar aumentar de maneira significativa. "Apesar dessa variante causar menos casos graves, um número absurdo de infecções confirmadas se torna um número razoavelmente grande de casos graves", pontua.

Mortalidade

Outra preocupação de especialistas com a variante predominante no Brasil é o aumento do número de mortes que ainda será visto. A previsão é de que os casos fatais pela covid-19 ainda cresçam no mês de fevereiro. Isso porque o platô dos óbitos acontece, normalmente, uma ou duas semanas após o de casos. O prognóstico foi feito pelo médico infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ex-diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde Julio Croda, nas redes sociais.

"Estaremos atingindo o platô de casos novos associado a ômicron nesta semana. Geralmente o dos óbitos em uma ou duas semanas. Durante todo o mês de fevereiro ainda teremos muitos óbitos. Máscaras, distanciamento e vacinas são essenciais nesse momento", ponderou. Com isso, a letalidade da doença deve aumentar no mês de fevereiro. "Geralmente, no começo da onda, você tem um aumento de casos sem aumento de óbitos. Posteriormente na segunda parte da onda, você proporcionalmente tem mais óbitos que casos", completou Croda.

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