“Medo de não voltar”, relatou homem de 33 anos vítima da Covid-19

Ines Caruso, 55 anos, moradora de Boituva (SP), perdeu o filho Stephan Caruso, de 33, no dia 17 de abril. Ele deixou a esposa grávida, um filho de 6 anos e um enteado de 13.

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 Ines Caruso, de 55 anos, moradora de Boituva (SP), perdeu o filho Stephan Caruso, de 33 anos, para a Covid-19 no fim do mês de abril. A mãe revelou que durante o período de internação conversou inúmeras vezes com Stephan. Em uma delas, ele mostrou preocupação com a família e que estava com medo. As informações são do G1. 

"Estou tranquilo, mas estou com medo. Eu sei que vou ficar bom, mas tenho medo de não voltar. O que vai ser da Estela. Tenho que lutar por ela e por você", escreveu.

Stephan morreu no dia 17 de abril. Mesmo tendo o pulmão drenado com frequência, o caso dele evoluiu para uma fibrose. Um dia antes da morte, o médico contou à Ines que Stephan tinha poucas horas de vida. Ela diz que pediu para o profissional não desistir.

Stephan trocava mensagens com a mãe enquanto estava internado  (Foto: Reprodução/ Facebook)

"Eu pedi: 'Não desliga, não desiste do meu filho'. Eu estava rezando, acreditava que Deus iria fazer um milagre. O médico me disse que mesmo que meu filho sobrevivesse, ele iria ficar na cama, precisando de oxigênio. Naquele momento mudei minha oração, em voz alta, levantava minhas mãos e falava 'Senhor seja feita sua vontade'. Talvez a vontade de Deus não era a minha", lamenta.

Falta de medicamento

Ines conta que saía de Boituva todos os dias 12h e via o filho pelo vidro da ala de UTI, no Hospital Adib Jatene, em Sorocaba (SP) "Não podia entrar no quarto. Eu o via e ficava ali conversando com ele pelo Whatsapp. O médico falava como ele estava. Eram 10 pessoas em cada ala. Ele sempre perguntava o que o médico falou. Ele olhava o monitor e sabia quanto estava a saturação. Chegou a ficar 30 horas em jejum. E a dor, ele dizia que doía na alma a máquina que limpava o pulmão", conta a mãe.

A mãe ainda afirma que houve falta de medicamento para sedação do filho. "Por vezes eu chegava na hora da visita e ele estava se batendo, querendo acordar. Ele ficou entubado pela boca 15 dias e depois ele fez a traqueostomia, que durou quatro dias. Eles não perceberam que ele estava com sepse e isso que levou meu filho a óbito. Uma infecção que dá no sangue, teve choque séptico de foco pulmonar e insuficiência respiratória aguda. Essas foram as causas".

Stephan Caruso, de 33 anos, com a família: filho, esposa e enteado, em Boituva (SP) — Foto: Arquivo Pessoal 

Ao G1, a Secretaria de Saúde do Estado disse que o Hospital Regional de Sorocaba Adib Domingos Jatene está abastecido e presta assistência adequada, em conformidade com protocolos e indicação médica, considerando sempre o quadro clínico e a segurança do paciente.

De acordo com a secretaria, o paciente Stephan Caruso deu entrada já com quadro grave e, mesmo com todos os cuidados, teve piora progressiva e não respondeu aos tratamentos. "O HRS se solidariza com os familiares e segue à disposição para esclarecimentos", informou.


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