Fabricantes de caixões aumentam produção em 20% devido pandemia

‘O vírus mata sem piedade, os enterros são sem adeus’, diz Lourival Panhozzi.

Enterro em cemitério de São Paulo de vítima de Covid-19 | Foto: AMANDA PEROBELLI/Reuters
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Com 322 mil mortes por Covid-19 no país em um ano, o setor funerário está atuando no limite da capacidade. A afirmação é de Lourival Panhozzi, presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif).

“O setor aguenta a pressão a duras penas, mas ela precisa parar, porque ninguém aguenta o tempo todo. Estamos na zona vermelha”, disse.

Panhozzi afirmou que ainda não houve falta de caixões, e descarta um colapso de maiores proporções. Segundo o presidente da associação, antes da pandemia os fabricantes de urnas funerárias produziam de 110 mil a 120 mil caixões por mês.

Enterro em cemitério de São Paulo de vítima de Covid-19 Foto: AMANDA PEROBELLI/Reuters 

Com a Covid, o contingente saltou para 150 mil por mês. "A previsão é quase impossível de fazer, o vírus é muito malvado, não tem muito padrão. É uma areia movediça. O número de mortes só aumenta", afirmou.

A despeito do salto de mortes — março foi o mês com mais óbitos, com 66,8 mil vítimas fatais —, o setor funerário viu sua receita cair.

"O preço das luvas aumentou 1.000%, o das máscaras, 600%. Não há mais aluguel de salas ou vendas de coroas. Tivemos que pedir para as fábricas um só padrão simples de urna, para aumentar a capacidade. Em um momento, os caixões quase ficaram sem verniz", afirmou, acrescentando que não repassou o preço ao público.

Com a voz embargada, Panhozzi contou que já perdeu diversas pessoas próximas para a Covid.

Pediu cuidado e seriedade com a doença: "Acreditem, a coisa é séria. O vírus mata sem piedade, os enterros são sem adeus. Perdi muitos amigos, irmãos do coração. Que ninguém queira passar por essa dor".

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