Os pacientes da Covid-19 — mesmo os que estiverem em quadros leves da doença — devem manter o isolamento social rigoroso até que estejam curados para não transmitir a doença para outras pessoas. Mas, como saber quando é seguro voltar a conviver com os familiares ou com os colegas de trabalho sem colocar a saúde deles em risco? A resposta está na observação dos sintomas.
Após o diagnóstico, a persistência de sintomas como coriza, tosse, mal-estar, febre, diarreia, náusea e dores de cabeça, na garganta, na barriga ou no corpo indicam que o vírus ainda está ativo e pode ser transmitido. A ageusia (falta de paladar) e a anosmia (perda do olfato) são sintomas que podem persistir por semanas mesmo após o fim da infecção.
As descobertas feitas até então mostram que o Sars-CoV-2 permanece ativo no organismo das pessoas por, aproximadamente, dois dias antes dos primeiros sintomas se manifestarem e persistem por até duas semanas depois do início deles, em média. Por isso, a recomendação do Ministério da Saúde é manter o isolamento por 14 dias e completar outros três sem nenhum sintoma para retornar às atividades.
A infectologista Ana Helena Germoglio, do Hospital Brasília, explica que o tempo de atividade do vírus varia de acordo com a gravidade do quadro. Nos leves e moderados, a média é de dez dias. Nos de maior gravidade, quando o paciente é internado e precisa de assistência respiratória em unidades de terapia intensiva (UTI), o vírus permanece ativo por cerca de 20 dias.
“Consideramos adequado manter as precauções de contato e respiratória por pelo menos 20 dias, baseados na atualização das orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde)”, conta Ana Helena.
A médica patologista do Laboratório Exame, Natasha Slhessarenko, explica que o vírus é transmitido por gotículas de secreção respiratórias e de saliva, advindas de uma tosse, espirro ou coriza. Por isso o isolamento é tão importante. “Enquanto o indivíduo tem sintomas, ele está eliminando o vírus e mesmo o indivíduo sem sintomas também pode eliminá-lo”, afirma.
Assintomáticos
O fato de não tossir, espirrar e expelir secreções faz com que os pacientes assintomáticos transmitam menos a infecção, mas isso não elimina a possibilidade de ela ocorrer. “Uma coisa interessante é que o indivíduo sem sintomas transmite menos vírus porque, na verdade, ele está eliminando menos”, explica Natasha.
Mas a médica lembra que a disseminação pode se dar ainda pelo contato com superfícies contaminadas. Neste sentido, se há alguém doente em casa, é importante separar copos, talheres, pratos e até um banheiro exclusivo para o uso de quem está com a infecção.