O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), recebeu a primeira dose da vacina CoronaVac contra a Covid-19 nesta sexta-feira (7).
Nesta última semana, a faixa etária de 60 anos só conseguia encontrar vacinas da Pfizer ou da Aztrazeneca nos postos e drive-thrus da capital paulista. A CoronaVac está em falta e ao menos 32 cidades do estado estão sem o imunizante e suspenderam total ou parcialmente a aplicação da segunda dose.
Segundo a Prefeitura de São Paulo, até esta quinta-feira (6), a CoronaVac estava sendo aplicada nos postos da capital paulista apenas em pessoas que já estavam na segunda dose.
Na quinta, o Ministério da Saúde informou que 1 milhão de doses da CoronaVac foram repassadas para as unidades da federação para a aplicação da segunda dose. Nesta sexta, o estado de São Paulo recebeu 226 mil doses.
Doria foi vacinado pela primeira pessoa imunizada contra a Covid-19 no Brasil, a enfermeira Mônica Calazans, e se disse honrado. O governador enalteceu o fato de ter tomado a CoronaVac, produzida pelo Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa, SinoVac.
"Todas as vacinas são boas, mas a minha foi Coronavac. "Olha como é o mundo. No início de janeiro a CoronaVac era a vacina da China, a 'vachina', a vacina do jacaré, que ia deixar você com sequelas, paralítico, a vacina do Doria. Hoje, ela é a mais querida do Brasil. É a coronaVac que todos querem tomar. Confiança é credibilidade do Instituto butantan que já salvou 43 milhões no Brasil. 43 milhões que tomaram a CoronaVac", disse.
"Briguei durante meses com o governo federal que não queria comprar essa vacina. O presidente da República disse que não ia comprar e ponto. Em alto e bom som. Hoje é a vacina q mais salva vidas. Se não fosse o negacionismo e um esforço contra a vacina, Paulo Gustavo e outros brasileiros poderiam ter sido salvos antes", completou.
Bolsonaro tem 66 anos e ainda não se vacinou contra a Covid-19.
Doria chegou ao Centro de Saúde I “Doutor Victor Araújo Homem de Mello”, na Rua Ferreira Araújo, em Pinheiros, Zona Oeste da capital paulista, pouco antes das 16h. O governador estava acompanhado da primeira-dama Bia Doria, do secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, e tirou fotos com pessoas que, assim como ele, estavam na fila à espera da vacinação.
No estado, a vacinação para a faixa-etária de Doria, que tem 63 anos, começou a ser feita no dia 29 de abril. Bia Doria, que tem 60 anos, também foi vacinada.
Depois, Doria postou uma foto com um filtro de Jacaré do Instagram e escreveu "Esperei minha vez, entrei na fila do posto de saúde e fui vacinado aos 63 anos. E não virei jacaré", em referência à frase de Bolsonaro no final do ano passado: "Se tomar vacina e virar jacaré não tenho nada a ver com isso".
Em coletiva de imprensa na sede do Instituto Butantan na manhã desta quinta (6), ele disse que tinha tomado a vacina da gripe no final de abril, e aguardava o término do intervalo vacinal para poder ser imunizado contra o coronavírus.
A informação também foi divulgada pelo governador em postagem no Twitter.
"Tomei a vacina contra gripe junto com minha família no dia 22. Recebi orientação médica para respeitar intervalo vacinal de 15 dias, para tomar outra vacina. Amanhã, dia 7, poderei tomar a vacina contra Covid-19. E assim farei, por ter 63 anos. Viva a vida! Viva a vacina!", escreveu Doria em sua conta nas redes sociais.
Em agosto de 2020, o governador testou positivo para a Covid. Assintomático, ele cumpriu dez dias de isolamento e retomou as atividades após ser liberado pelos médicos.
Histórico CoronaVac
A gestão de João Doria foi responsável por articular a parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac para a produção da CoronaVac, vacina contra a Covid.
O acordo foi anunciado em junho de 2020. Após uma série de disputas políticas entre o governo federal e o paulista, a vacina foi aprovada para uso emergencial pela Anvisa e se tornou o principal imunizante do Programa Nacional de Imunização.
O Butantan já entregou mais de 43 milhões de doses ao Ministério da Saúde, das 46 milhões previstas pelo no primeiro contrato com o governo federal. O Instituto é responsável pela etapa final de produção da vacina, que consiste no envase, rotulagem e testes de qualidade.
Entretanto, por conta de atrasos na liberação do insumo, o envase foi novamente suspenso. É a segunda vez que o problema ocorre.
Na manhã desta quinta (6), o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que houve uma redução na previsão de recebimento de matéria-prima da vacina e disse que as declarações da gestão de Bolsonaro contra a China afetam a liberação do insumo.
Segundo o Butantan, o setor responsável pelo envase da CoronaVac está ativo, mas passou a processar apenas doses da vacina contra a gripe.
Na quarta (6), o Instituto Butantan disse que solicitou à Sinovac 6 mil litros do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), para produzir aproximadamente 10 milhões de doses. Metade desse montante, porém, corresponde ao lote que deveria ter sido enviado em abril.