O avanço da vacinação contra o novo coronavírus no Brasil trouxe esperança de dias melhores para toda a população. Mas é importante lembrar que a vacina no braço é apenas parte do processo, já que o imunizante precisa de um período para ativar as defesas do corpo e cumprir sua função.
Em média, o corpo só passa a produzir anticorpos após 15 dias da aplicação da vacina, conforme demonstrado por estudos clínicos realizados antes da aprovação de uso dos imunizantes na população.
Esse período vale tanto para as vacinas com regime de duas doses (CoronaVac, Pfizer e AstraZeneca) quanto para as de dose única (como é o caso da Janssen) aprovadas para uso no Brasil.
Vale dizer que a tecnologia utilizada na produção da vacina (vírus inativado, vetor viral modificado ou RNA mensageiro) não determina se a imunização será mais eficaz ou mais duradoura após a segunda dose —elas apenas funcionam como diferentes estratégias para estimular o organismo a produzir anticorpos contra determinadas doenças.
Por que duas doses?
Ninguém gosta de receber uma injeção, o que dirá duas? Mas a maioria das vacinas contra a covid-19 que estão sendo usadas atualmente preveem a aplicação de duas doses para a imunização completa. Esse regime vacinal não é novidade no universo da saúde.
Na verdade, algumas vacinas que tomamos quando crianças têm esquema de duas ou até mais aplicações para completar o processo de imunização.
E, assim como nos outros casos, as outras doses, ou "doses de reforço", como são popularmente conhecidas, servem justamente para fortalecer a resposta imunológica diante de um possível ataque de patógenos —como o Sars-CoV-2— e impedir que o organismo fique vulnerável.
Isso porque apenas uma dose pode não ser suficiente para estimular uma resposta adequada do organismo —embora ela já ofereça alguma proteção.
Alguns estudos sugerem que as vacinas AstraZeneca e Pfizer oferecem proteção acima dos 50% já a partir da primeira aplicação. No caso da CoronaVac, esse índice pode ser ainda mais baixo.
No entanto, a proteção vai para mais de 70% após a aplicação da segunda dose —e sobe para ainda mais para evitar casos graves e mortes pela doença, que é o principal objetivo de todas as vacinas atualmente disponíveis.
Portanto, é de extrema importância seguir o regime vacinal sugerido pelas fabricantes e certificado pelos órgãos competentes. A efetividade da imunização individual e coletiva depende desse compromisso.
A imunidade é igual para todo mundo?
Não. Já é sabido que alguns indivíduos vão produzir anticorpos mais rapidamente do que outros. Pessoas com doenças como câncer e Aids ou transplantados, por exemplo, têm mais dificuldade de garantir a imunidade, mesmo com as doses habituais.
No entanto, a comunidade médica ainda precisa de mais tempo e mais dados de pesquisas para determinar quais condutas devem ser adotadas para essas pessoas —e se é necessário um regime vacinal diferenciado para elas, por exemplo.
A idade também é um fator que determina a eficácia da imunização feita pela vacina. Assim como tudo em nosso organismo, o sistema imunológico também envelhece.
A partir dos 60 anos, os idosos começam a apresentar queda de imunidade —um fenômeno conhecido como imunossenescência— e que pode alterar a resposta vacinal.