PEQUIM — Autoridades de Pequim cancelaram centenas de voos e pediram a seus cidadãos que remarquem casamentos e realizem funerais mais curtos, além de outras medidas de contenção para impedir novos surtos de Covid-19 antes do início dos Jogos Olímpicos de Inverno, marcados para começar no dia 4 de fevereiro de 2022.
O país mais populoso do mundo manteve os casos de coranavírus sob controle desde o fim do primeiro grande surto em Wuhan, no início de 2020, graças às medidas de tolerância zero adotadas pelo governo, incluindo o fechamento de fronteiras, confinamentos e longos períodos de quarentena.
Mesmo assim, o país atualmente enfrenta novos surtos em várias regiões que recebem muitos turistas. Este cenário levou as autoridades a ordenarem que milhões de cidadãos em várias cidades que fiquem em casa, restrinjam as viagens entre as províncias e se submetam a testes de detecção de coronavírus.
O número de casos continua muito mais baixo do que na maioria dos países, com 48 novas infecções notificadas nesta sexta-feira. Não são registradas mortes no país pela doença desde abril. Ainda assim, o governo chinês prefere não correr riscos.
As autoridades impuseram um confinamento a dezenas de milhares de pessoas em Pequim, capital do país e cidade que sediará os Jogos Olímpicos de Inverno no próximo ano, após a detecção de alguns casos de coronavírus.
— Deve-se adiar casamentos, realizar funerais curtos, não organizar jantares e reduzir reuniões desnecessárias — declarou o vice-diretor do Centro de Controle de Doenças da China, Pang Xinghuo, em entrevista coletiva.
Além disso, os locais turísticos vão limitar a capacidade, enquanto o recém-inaugurado complexo de parques da Universal Studios em Pequim vai entrar em "estado de emergência para prevenção epidemiológica", segundo anunciou o vice-diretor do Gabinete de Informação, Xu Hejian.
Segundo a plataforma chinesa Feichangzhun, especializada em aviação civil, metade dos voos dos dois principais aeroportos da capital foi cancelada hoje.
Na frente dos centros médicos da capital, longas filas se formavam, com pessoas esperando para fazer o teste e cumprir os rígidos controles implementados pelas autoridades sanitárias chinesas.
Tu Anling, uma cientista da computação de 24 anos, disse à AFP que precisava de um teste para poder viajar de trem para Nanquim, cidade a cerca de mil quilômetros ao sul da capital.
— Inicialmente, combinei de encontrar meus amigos aqui [em Pequim], mas o recente surto fez com que muitos deles decidissem que não viriam mais — disse Anling.
Muitas regiões estão exigindo que os passageiros apresentem um teste negativo para entrar em seus territórios, sobretudo no caso daqueles que chegam de cidades onde houve registro recente de infecções.
Ao todo, desde o início da pandemia, a China contabilizou oficialmente 97.015 casos de Covid-19 e 4.636 mortes por causa da doença. Em todo o país, já são mais de um bilhão de pessoas vacinadas com as duas doses.