Levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que o Brasil já registrou a presença de 92 cepas do coronavírus no território nacional desde o início da pandemia. Estados como São Paulo e Rio de Janeiro registram variantes que mais preocupam as autoridades em saúde por sua maior transmissibilidade: a amazônica (P1) e a B.1.1.7, que surgiu no Reino Unido.
De acordo com os dados disponíveis na plataforma de dados genômicos da Fiocruz, a variante amazônica, já prevalente em diversos estados, Rio de Janeiro e São Paulo entre eles, já foi detectada em 21 das 27 unidades da federação. Já a cepa B.1.1.7, britânica, foi encontrada em 13. A cepa encontrada em São Paulo, que os especialistas entendem que pode ser uma amostra da variante de preocupação da África do Sul, a B.1.351, ainda não foi incluída no sistema.
O virologista Fernando Spilki, coordenador da rede Corona-ômica BR, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e que atua na identificação de fatores associados à dispersão e severidade da pandemia, explica que a principal preocupação é com mutações das variantes que são mais transmissíveis.
“Temos no mundo mais de mil variantes do coronavírus, e quase 100 delas já circularam no Brasil. Muitas dessas linhagens do início da pandemia tinham poucas diferenças entre si. O que mais preocupa agora é a dispersão da P1, a variante de Manaus, que já se tornou prevalente na maior parte do país. A circulação das linhagens de preocupação também já resulta na formação de novas mutações. Isso já está acontecendo, principalmente em locais onde as medidas de restrição são mais frouxas”, afirma.
Professor de Infectologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Júlio Croda reitera que, por mais que haja muitas linhagens em circulação, as três variantes de preocupação foram assim batizadas por conta de seu impacto epidemiológico e merecem mais atenção n momento.
“As outras ainda não se mostraram detentoras de características como essas, com tamanha transmissibilidade. Mas ainda temos baixa cobertura vacinal. Isso reforça a importância do distanciamento, porque, quanto maior a transmissão e o contato, maiores as chances de uma nova mutação se estabelecer”, avalia.