"Não duvide que hoje não temos vagas para as pessoas nos hospitais, e muitas delas (as pessoas) estão falecendo dentro das ambulâncias e na porta das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento)". O alerta feito pelo médico Pedro Julião, que atua no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mostra a dimensão do drama de quem necessita de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) voltada para o tratamento de covid-19 na Bahia. As informações são do UOL.
Em meio ao colapso nas redes pública e privada de saúde, um paciente que hoje busca atendimento em Salvador tem aguardado de 36 a 48 horas por uma vaga. Antes do cenário crítico da pandemia, o tempo de espera era, em média, de até oito horas. "As vagas surgem quando o paciente recebe alta ou morre", diz o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM).
Até o início da tarde, 337 pessoas aguardavam na fila por um leito de UTI em todo o estado, onde 84% dos leitos já estão ocupados, segundo dados da Sesab (Secretaria de Saúde da Bahia). Na capital, que passou absorver uma demanda crescente de doentes residentes no interior, 117 pacientes estão à espera de uma vaga. O número é o mais alto desde o início da pandemia.
"Temos um novo recorde (117). Ontem eram 107. Anteontem eram 96. Os números não cedem. Por mais que estejamos com medidas mais restritivas, os números continuam crescendo em nossa cidade. Se os números não cederem, precisaremos adotar medidas ainda mais restritivas. Estamos com limite de respiradores, equipes e locais disponíveis na cidade", afirmou Bruno Reis em uma coletiva virtual.
No vídeo que divulgou nas redes sociais, o médico Pedro Julião relata a agonia de quem precisa ser transferido de outros municípios para Salvador.
"Estamos desde as 15h com um paciente dentro da ambulância com desconforto respiratório, fazendo uso de oxigênio suplementar e máscara não reinalante. Salvador não tem vagas para a gente levar os pacientes. O que eu estou querendo dizer com isso? Por favor, entendam: a situação é gravíssima. Nós chegamos ao limite da ocupação dos leitos, Nós chegamos no limite da ocupação dos leitos", disse.
Diante do momento dramático, Julião faz um apelo à população a favor das medidas restritivas que vigoram para conter o avanço da covid-19 e suas novas cepas. "Sabemos que hoje a necessidade do isolamento social é muito importante. Eu entendo que os comerciantes, as pessoas que precisam do trabalho informal, precisam levar comida pra casa, mas a gente tem que pensar que a vida humana é muito mais importante do que isso", avalia.
Em seguida, ele pede que as pessoas atendam o toque de recolher. "As decisões do governo do Estado e da prefeitura em ter esse perfil de isolamento social, lockdown, toque de recolher, a intenção é o isolamento social. Faça a sua parte, gente. A situação é real e precária", pede o médico.