Parece cena repetida. Há um ano, neste mesmo período, o Rio adotava as primeiras tentativas de restrições e isolamento social para conter o coronavírus. Depois de meses de luto, flexibilizações questionadas e aglomerações, chega-se ao quadro atual, segundo cientistas, de alerta para uma terceira onda da pandemia, sem que tenham sido superados desafios como a oferta adequada de leitos, o que obriga governos a anunciarem toques de recolher e limitações ao comércio. Enquanto se busca evitar outro colapso, vem dos boletins do InfoGripe um dos avisos: as hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) já se aproximam das verificadas em dezembro, o segundo pior momento da emergência sanitária no estado.
Foram 2.058 hospitalizações ou óbitos com sintomas como febre e tosse na semana entre 28 de fevereiro e 6 de março deste ano, muito perto das 2.098 no pico da segunda onda, entre 29 de novembro e 5 de dezembro de 2020. Embora distante do auge da pandemia — de 3.158 casos de 26 de abril a 2 de maio do ano passado —, os dados mais recentes mostram que o Rio saiu de uma queda para uma alta probabilidade de crescimento da incidência de SRAG. O pesquisador da Fiocruz Leonardo Bastos explica que a guinada pode antecipar o rumo dos registros do coronavírus.
— Quando vemos uma alteração nas hospitalizações por SRAG, captamos um pouco antes (as tendências da pandemia) do que quando olhamos os dados da Covid. É uma notificação que não depende de uma confirmação de laboratório; por isso, mais rápida — diz ele. — No Rio, já tivemos duas ondas bem óbvias. Agora, a curva volta a subir, podendo seguir para uma terceira onda.