Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado neste sábado (14) revelou que 45% das mortes infantis por Covid-19 ocorreram com crianças de até 2 anos de idade. A pesquisa se baseou nos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil (SIM) do Ministério da Saúde e considerou os óbitos de 1.207 menores de idade causados pelo novo coronavírus em 2020.
O estudo também revelou que quase um terço dos óbitos de jovens com até 18 anos ocorreram entre os menores de 1 ano. “Estratificamos os dados obtidos no SIM para mensurar o impacto da Covid-19 entre menores de 18 anos", afirma Cristiano Boccolini, coordenador da pesquisa, em comunicado. "Esperamos que essas conclusões orientem políticas públicas para o enfrentamento da pandemia."
Os dados revelaram que 9% das mortes ocorreram com recém-nascidos (bebês com até 28 dias de vida). Já os bebês com idade entre 28 dias e 1 ano representaram 28% desses óbitos.
Os especialistas ressaltam que, embora a forma assintomática da Covid-19 seja mais comum entre crianças e adolescentes e que eles tenham melhor prognóstico quando contaminados, isso não significa que os pequenos estejam imunes. Na verdade, não raras vezes os jovens desenvolvem quadros graves da doença causada pelo Sars-CoV-2, o que pode levar a morte.
Boccolini alerta que, em países como os Estados Unidos, o avanço da variante Delta aumentou o número de casos de Covid-19, o que expõe cada vez mais crianças ao vírus. "Em muitos lugares os leitos infantis estão sobrecarregados e isso pode acontecer no Brasil também. O aumento da cobertura vacinal de adultos tem que avançar mais rapidamente e gestantes e lactantes devem ser prioridade", diz o estudioso.
Para prevenir a circulação do coronavírus e a infecção de crianças, Buccolini ressalta a importância do uso de máscaras e do distanciamento social mesmo após a vacinação. “Outra recomendação importante é que mães com Covid-19 continuem amamentando seus bebês, se ambos tiverem condições físicas para isso. Os benefícios do aleitamento materno superam em muito o risco de contaminação", pontua o cientistas. "Cuidados sanitários, como higiene das mãos e uso de máscaras tipo PFF2 e N-95, devem ser reforçados nesses casos."