A evolução do concurso público no Brasil teve duas consequências que ficaram visíveis nos últimos dois anos: o aumento do número de empresas que realizam as bancas e o aprimoramento da seleção.
De acordo com Maria Thereza Sombra, diretora-executiva da Anpac (Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos), o número de empresas que fazem bancas quintuplicou nesse período. "Dois anos atrás, eram 20 bancas. Hoje, são umas cem", estima. Não existem números oficiais dessas entidades, mas outros especialistas do setor confirmaram à Folha o alto crescimento no número de instituições, especialmente nos últimos dois anos. Segundo Sombra, que recebe diariamente dezenas de reclamações sobre concursos, as novas empresas muitas vezes realizam seleções para municípios menores e pecam pela falta de organização.
"Vemos uma quantidade de bancas abertas sem estrutura para fazer concurso", diz. Competências Enquanto o setor de concursos cresce, há também um grupo de realizadoras que busca o aprimoramento das provas para selecionar melhor o servidor, analisa Leonardo Teixeira, coordenador de concursos da FGV Projetos, da Fundação Getulio Vargas.
Segundo ele, as provas começam a testar as competências do candidato para a vaga. Estudo de caso e análise da capacidade de resolver problemas são caraterísticas desse novo tipo de prova. "Se a questão é bem preparada, ajuda o órgão a saber o perfil do candidato."
Teixeira afirma que esse movimento começou há quatro anos e, há dois, saiu do caráter experimental e ganhou espaço entre os concursos mais importantes. "No novo serviço público, não há espaço para quem não preza a coisa pública", diz. Entre os desafios do novo tipo de exame, afirma Teixeira, está a busca pela permanência no cargo, já que não interessa ao órgão que o profissional seja formado e saia em seguida.