Uma quadrilha especializada em fraudar vestibulares de medicina de faculdades particulares conseguiu repassar gabaritos para candidatos durante a prova do Enem 2013 (Exame Nacional do Ensino Médio), segundo a Polícia Civil. O caso teria acontecido em Barbacena (a 169 km de Belo Horizonte).
A quadrilha agia da seguinte forma: integrantes conhecidos como "pilotos" faziam a prova e saíam rapidamente dos locais do exame, fornecendo o gabarito aos coordenadores da organização que, por sua vez, repassavam as respostas para os candidatos via SMS ou ponto eletrônico. Os estudantes pagavam entre R$ 70 mil e R$ 100 mil.
Nesta quinta (19), a Polícia Civil encaminhou o caso para a Polícia Federal, que recebeu 30 gravações telefônicas, dois cadernos amarelos do Enem 2013 apreendidos com um dos chefes do grupo e mensagens de celular com parte dos gabaritos. Em outras conversas, os integrantes do grupo comemoravam o índice de acerto das provas.
A investigação durou mais de nove meses e já reuniu mais de 3.000 páginas em um inquérito policial. Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta, o delegado federal Paulo Henrique, que vai conduzir o caso a partir de agora, disse que "há fortes indícios de fraude pontual no Enem". A PF vai tentar identificar os candidatos que se beneficiaram do golpe.
A operação da Polícia Civil foi chamada de "Hemostase" e já prendeu 36 pessoas suspeitas de envolvimento com fraudes em vestibulares de medicina.
Nenhum beneficiado
Em nota, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) disse que está acompanhando o caso junto à Polícia Federal e que até o momento "não existe qualquer elemento que indique, mesmo de forma pontual, que qualquer candidato tenha sido beneficiado".
Ainda de acordo com o órgão, os candidatos identificados, que tiverem utilizado aparelhos eletrônicos durante as provas, serão eliminados.