No ano que vem, a Secretaria de Sa?de da Bahia vai abrir concurso p?blico para contratar cerca de 500 m?dicos, com sal?rios de R$ 2 mil a R$ 8 mil. A id?ia ? atrair profissionais de outras regi?es, j? que faltam m?dicos no estado.
Em 2007, cerca de quatro mil postos de trabalho foram preenchidos, mas n?o foi suficiente. O sal?rio ? alto, as vagas existem, quem contrata tem urg?ncia e h? profissionais qualificados, mas faltam m?dicos.
?A Bahia s? tem mais m?dico por habitante do que Piau?, Maranh?o e os estados do Norte. N?s temos 3,4 vezes menos m?dico por habitante do que o estado do Rio de Janeiro?, afirma o secret?rio de Sa?de da Bahia, Jorge Solla.
Os m?dicos explicam o porqu? do pouco interesse pela rede p?blica. ?A baixa remunera??o dos profissionais m?dicos e a falta de um plano de carreira para esses profissionais impede que os profissionais se fixem em determinadas localidades e, com isso, refletindo sobre o atendimento?, declarou o secret?rio do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), Jos? Maia.
Sem Anestesia
A Secretaria de Sa?de diz que ainda n?o h? data para publica??o do edital e afirma que a car?ncia maior ? de neurologistas e anestesistas. A dona de casa Jeane Lima teve o beb? de parto normal, mas sem anestesia, porque n?o havia um especialista na maternidade. ?Eu tive que ag?entar, porque tinha que costurar sem anestesia mesmo. Tive que ag?entar a dor?, contou.
Quem espera tem ang?stia. ??s vezes tem, ?s vezes n?o tem. Tem que esperar mesmo a boa vontade de os m?dicos aparecerem?, comenta a dona de casa S?nia Silva. Quem espera tamb?m se decepciona. ?Estou h? mais de um ano procurando cl?nico, mas n?o consegui?, diz uma senhora.
? assim nos postos de sa?de e tamb?m nas emerg?ncias dos hospitais: pacientes de todo o estado batem em Salvador de porta em porta, ? procura de atendimento. Quando conseguem, enfrentam corredores cheios e disputam macas e a aten??o dos profissionais de sa?de. Os hospitais de Salvador j? reduziram o atendimento em 20%.
O Minist?rio da Sa?de considera que existem m?dicos em quantidade suficiente para atender toda a popula??o. A dificuldade estaria nas cidades menores, no interior ? que, por serem mais pobres, n?o atrairiam profissionais de sa?de.
Nas Universidades
Por outro lado, um fen?meno nas universidades chama a aten??o: ? cada vez maior o n?mero de jovens que querem ser m?dicos. Em S?o Carlos (SP), s?o 123 candidatos por vaga no vestibular. Em Santa Catarina, s?o 40. No Rio de Janeiro, para cada candidato que consegue entrar, outros 30 ficam de fora.
Visto assim, a carreira de m?dico parece ser o equivalente a ganhar na loteria, mas o diagnostico n?o podia estar mais errado. ?Muita gente tem dois ou tr?s empregos porque ? mal-remunerado?, comenta uma estudante de medicina.
Para quem estuda profiss?es em geral, a carreira de medicina padece. ?Hoje o m?dico ? um mascate. Antigamente, o m?dico era como se fosse Deus, e se ele fosse cirurgi?o, era Zeus. Hoje em dia, voc? n?o tem mais essa figura, essa impon?ncia. Existe hoje um segmento dessa profiss?o que imp?e respeito, realmente, mas ? uma elite muito pequena, ? ?nfima dentro da carreira. O que voc? tem hoje ? uma degrada??o muito grande e uma desvaloriza??o da pr?pria carreira?, afirma o pesquisador da Funda??o Get?lio Vargas (FGV), Mois?s Balassiano.