José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Lista de Colunas

Violência política cresce de maneira espantosa nestas eleições em todo o Brasil

A pesquisa mostra que das 145 ocorrências contra pessoas em exercício de mandatos, pré-candidatos e candidatos, 60 foram no Sudeste, 51 no Nordeste

Um levantamento realizado pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, ao analisar a pesquisa “Violência Política e Eleitoral”, revela o quanto têm crescido os casos de violência política no Brasil, agravados a partir de 2018, quando o acirramento das disputas por votos ganhou proporções alarmantes, sobretudo estimulado por importantes protagonistas das disputas.

Leia Mais

Em 2024, a caminho do primeiro turno que se realizará neste domingo em todo o país, ao menos 145 casos já foram registrados, entre 1º de janeiro e 15 de agosto, sendo 14 assassinatos, o que significa um registro de violência a cada um dia e meio. Isso cresceu de modo espantoso em comparação às eleições de 2020, período em que os casos de violência política foram registrados a cada sete dias. Naquele ano, foram 63 ocorrências entre o início do ano e 26 de setembro. Ou seja, num período maior, foram cerca de 40% dos casos constatados até agora em 2024.

A pesquisa mostra que das 145 ocorrências contra pessoas em exercício de mandatos, pré-candidatos e candidatos, 60 foram no Sudeste, 51 no Nordeste, 17 no Centro-Oeste, nove no Norte e oito na região Sul. São Paulo, com 30 ocorrências, e Rio, com 19, concentram os casos registrados até aqui e o cenário não se explica apenas por serem os dois maiores colégios eleitorais do país.

Esse volume extraordinário no Estado de São Paulo reflete não apenas o número maior de postulantes aos cargos em disputa para Prefeituras e Câmaras de Vereadores, mas ao fato de que a guerra verbal chegou à campanha de maneira nunca antes presenciada, quer através das redes sociais, quer por meio das diversas redes sociais e aplicativos de internet,  e dos debates na TV, com uma intolerância e uma agressividade sem precedentes na história política do Estado.

A agressão verbal logo passa dos insultos para a violência física. Só até o momento, São Paulo já registrou 29 agressões a lideranças políticas, conforme o relatório do Observatório Violência Política e Eleitoral, um aumento desproporcional relativo às eleições de 2020, quando em todo o período foram registrados apenas 6 casos. No Rio de Janeiro, que é outro campo minado de violência,   a presença de milícias em territórios que elas dominam, tem servido para aumentar a violência, fazendo crescer o número de casos contra figuras do mundo político.

A série histórica da pesquisa “Violência Política e Eleitoral”, que rastreia o país desde 2016, mostra que no país já foram identificados 1.168 casos  desse tipo de prática, expondo o decréscimo de civilidade e convivência entre contrários, revelador do acirramento das disputas, com crescimento acentuado de desrespeito e ódio. Os casos de violência, nesse ambiente de beligerância, atingem a todos indistintamente, desde partidos de linhas ideológicas, mas integrantes de partidos de esquerda têm sido os alvos mais frequentes  nessa onda de brutalidade, a exemplo do assassinato brutal do tesoureiro do partido em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda , crime ocorrido em 9 de julho de 2022, e o recente atentado contra o candidato a prefeito do PT Luiz Fernando Mainardi, que foi vítima de atentado quanto participava de comício em 15 de setembro em Bagé, RS.

Estes cenários levaram a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, a criar um observatório permanente de combate à violência política, para não apenas ajudar na prevenção, mas também para garantir a celeridade das investigações sobre esse tipo de crime, inclusive apresentando projetos para mudança da legislação.

Carregue mais
Veja Também
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.


Tópicos
SEÇÕES