A Estação Ecológica (ESEC) de Uruçuí-Una, situada em Ribeiro Gonçalves, Piauí, é uma das áreas mais estratégicas para a preservação ambiental do Cerrado brasileiro. Com 135 mil hectares, a unidade de conservação foi estabelecida em 1981, por meio do Decreto nº 86.061, e agora enfrenta um processo de revisão de seu perímetro, com o intuito de aprimorar os limites geográficos e garantir uma gestão sustentável e eficaz dos recursos naturais.
O projeto de atualização é encabeçado pelas organizações Conesul e Brejo das Meninas, que têm o objetivo de fortalecer a proteção ambiental sem perder de vista o uso sustentável da área. A proposta, que envolve inventários florestais e de fauna, estudos técnicos e a elaboração de novos mapas, será a base para um novo decreto presidencial. Um dos focos é transformar a área em um corredor ecológico que ligue a Estação Ecológica à Área de Proteção Ambiental (APA) do rio Uruçuí, reforçando a conectividade dos ecossistemas do Cerrado.
Em entrevista ao Meio, o advogado Paulo Ramos, responsável pela regularização das áreas envolvidas no projeto, destacou a principal razão por trás da revisão:
“A insegurança jurídica que ameaça a própria existência da estação ecológica. Atualmente, decisões judiciais declararam a caducidade do decreto que instituiu a estação ecológica.” Ele aponta que a renovação do decreto é fundamental para garantir a continuidade da preservação da área.
A proposta de conservação também visa envolver as comunidades locais no processo, buscando um equilíbrio entre a proteção ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais. Segundo Ramos, todas as partes interessadas serão convocadas a participar das discussões.
“Pretendemos chamar todos para participarem dessa discussão e promover, em conjunto com o poder público, medidas que integrem as comunidades locais e a estação ecológica”, afirmou.
TECNOLOGIA AVANÇADA NOS INVENTÁRIOS
O uso de tecnologias avançadas nos inventários florestais e de fauna tem sido um dos pilares da proposta. Equipamentos modernos estão sendo empregados para garantir a precisão dos dados coletados, assegurando que as decisões tomadas sejam fundamentadas em informações concretas e confiáveis. Ramos reforça que os relatórios produzidos até o momento provam que a proposta é a melhor solução para a preservação da ESEC de Uruçuí-Una.
Outro ponto central do projeto é a promoção da educação ambiental. Além de garantir a preservação dos ecossistemas, a iniciativa busca conscientizar a população local e os visitantes sobre a importância da conservação. A ideia é incentivar o poder público a criar um parque de conservação, que envolveria universidades e institutos de pesquisa no estudo da fauna e flora do Cerrado, um dos biomas mais ricos e ameaçados do Brasil.
A expectativa em torno do novo decreto presidencial é alta. A revisão da ESEC de Uruçuí-Una, segundo Ramos, não só garantirá a segurança jurídica para a preservação da área, como também fortalecerá os esforços de conservação do Cerrado piauiense. A criação de um corredor ecológico e a ampliação do conhecimento científico sobre o bioma são apenas algumas das vantagens esperadas com a atualização dos limites da estação.