Dados chocantes catalogados nos últimos 10 anos pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revelam a frequência alarmante de eventos climáticos extremos em todo o território brasileiro. O Piauí não escapa dessa triste realidade, com números que apontam para uma situação crítica. De acordo com a entidade municipalista, foram emitidos 2.528 decretos de emergência no estado durante esse período, evidenciando a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos. Essas medidas emergenciais foram acionadas devido a uma série de desastres naturais, incluindo tempestades, inundações, enxurradas, alagamentos, seca e estiagem. O impacto humano também é alarmante, com 70.887 pessoas desabrigadas ou desalojadas no estado e um total de 47.551 casas danificadas ou destruídas.
De forma mais ampla, o estudo revela que 93% dos municípios brasileiros, o equivalente a 5.199 municípios, foram atingidos por desastres naturais nos últimos 10 anos, resultando em situações de emergência ou estados de calamidade pública. As principais ocorrências foram tempestades, inundações, enxurradas ou alagamentos, que afetaram mais de 2,2 milhões de moradias e impactaram a vida de mais de 4,2 milhões de pessoas em 2.640 municípios. Em todo o Brasil, os prejuízos financeiros causados por esses desastres climáticos somaram a impressionante quantia de R$ 314,310 bilhões, segundo dados da CNM.
O setor habitacional foi o mais afetado em termos econômicos, sofrendo prejuízos que ultrapassaram os R$ 26 bilhões em todo o país. Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, destacou que os municípios enfrentam essas situações praticamente sozinhos, muitas vezes sem o apoio necessário para prevenção e investimentos em infraestrutura que poderiam mitigar esses eventos.
Disparidades Regionais
O estudo também apontou disparidades significativas nas diferentes regiões do Brasil. A região Sul foi a mais afetada em termos de casas danificadas ou destruídas, com um total de 46,79% das habitações afetadas, representando um prejuízo de cerca de R$ 4 bilhões. Enquanto isso, os municípios do Nordeste sofreram a maior perda financeira, totalizando quase R$ 16 bilhões, com 310.627 habitações danificadas e 26.613 destruídas. O Sudeste teve 20,98% das casas afetadas, com um prejuízo de R$ 4,3 bilhões. Na Região Norte, o impacto financeiro foi de R$ 1,7 bilhão, com 16,33% das unidades habitacionais afetadas. O Centro-Oeste foi a região menos afetada, com apenas 1% das casas atingidas e um prejuízo de R$ 122,3 mil.
Fatores Contribuintes
Diversos fatores contribuem para a quantificação dos prejuízos econômicos, incluindo os custos de reconstrução, preços de terrenos e imóveis. No Nordeste, os desastres relacionados ao excesso de chuvas, juntamente com a presença de municípios litorâneos, muitos deles áreas turísticas, explicam as perdas financeiras mais elevadas em comparação com outras regiões do Brasil.
Diante desses números alarmantes, fica evidente a urgente necessidade de investimentos em prevenção e mitigação de desastres naturais, bem como de uma ação coordenada entre os governos federal, estadual e municipal para proteger as comunidades vulneráveis a eventos climáticos extremos.