Um ‘oásis’ de desenvolvimento desponta para o Piauí através da energia limpa, o Estado que já é destaque nas fontes eólica e solar, inclusive abrigando os maiores parques da América Latina, agora, dá mais um passo à frente dos demais entes federativos, apostando no ‘combustível do futuro’: o hidrogênio verde.
Com a abundância de recursos naturais, o outrora ‘patinho feio’ da nação transforma-se num dos Estados mais promissores do país, ganhando notoriedade internacional pelas iniciativas inovadores e pioneiras, o Piauí vive uma verdadeira revolução, propagada pela aliança entre a sustentabilidade e o fomento de parcerias com o setor privado.
Finalizada no último sábado (17), a agenda do governador Rafael Fonteles (PT-PI) trouxe resultados majestosos à estratégia desenvolvimentista do Piauí. Na bagagem, o líder do Executivo acumula acordos com investidores globais, pautando a aplicação de cerca de R$ 50 bilhões para a produção de hidrogênio verde em solo local, num valor global cinco vezes maior do que o anunciado em recente pauta da União Europeia com o presidente Lula, o Piauí quer se tornar um case de sucesso do H2V.
Para efeito comparativo, o montante fechado em parcerias é similar a todo o valor anotado pelo Estado no PIB (Produto Interno Bruto) durante um ano, o que consolida em números a importância da agenda viabilizada por Fonteles.
O caminho traçado pelo Piauí no fomento da produção do combustível do futuro iniciou-se em 2021, durante a COP 26, quando o então governador e agora ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), assinou um termo de cooperação com Casa dos Ventos e Nexway, na ordem de R$ 20 bilhões.
Seguindo o termo celebrado, a Casa dos Ventos e a Nexway vão implantar na Zona de Processamento de Exportações (ZPE) de Parnaíba o projeto piloto de uma planta de amônia para produção de hidrogênio verde, que será usado como combustível veicular.
Já sob a gestão de Rafael Fonteles, o projeto foi reforçado, de modo a consolidar o potencial piauiense para o mercado externo. Assim, em abril deste ano, durante sua primeira missão internacional, o governador assinou protocolos de entendimento em Lisboa (Portugal) com empresas e fundos mundiais para investimentos em energias renováveis e hidrogênio verde.
As parcerias foram possíveis através de diferenciais apresentados pelo Governo do Piauí, como avanços em infraestrutura, incentivos fiscais, plano de modernização e transição digital, demonstrando o comprometimento do Estado em viabilizar o ambiente ideal para que os negócios prosperem.
Entre as companhias que almejam investir no Piauí está o grupo Solar Outdoor Media, da Alemanha, abarcando aplicações tanto em hidrogênio verde quanto na energia solar, a qual o Piauí já tem um histórico de grandes empreendimentos. Na ocasião, a assinatura do memorando de entendimento se deu com o CEO da empresa, Luciano Guido.
Outra parceria firmada foi com a espanhola Celeo, que demonstrou o interesse em dobrar os investimentos no Estado. Atualmente, a companhia já aplica R$ 2 bilhões em projetos no Piauí.
Na base de protocolos destacam-se ainda termos assinados com a All Energy e a Quinta Energia.
Além do comprometimento do Governo com a pauta verde, o pacote de fatores que fazem do Piauí uma referência continental na produção de energias renováveis versa sobre as condições climáticas encontradas em diversos municípios, com sol abundante e muito vento. Um ‘paraíso’ para o setor.
Segunda missão na Europa
Na segunda missão na Europa, finalizada no domingo, 18 de junho, o governador destacou, por exemplo, o protocolo de intenções para investimentos de R$ 30 bilhões em hidrogênio verde da espanhola Solatio; a companhia já tem projetos no Piauí noutras fontes de energia. Uma expansão na base de empreendimentos que evidencia o quão vale a pena investir no Piauí.
“No caso do Piauí, já firmamos entendimentos com empresas que planejam investir um valor 5 vezes maior: R$ 50 bilhões para a produção do combustível verde em nosso estado. Estamos trabalhando muito para sermos a principal referência em hidrogênio verde nas Américas, dadas as nossas vantagens competitivas, naturais e institucionais”, indicou o líder do Poder Executivo.
Fonteles se reuniu com investidores, fez visitas técnicas e participou de eventos na Espanha, Alemanha, Reino Unidos e Suécia. O foco no continente se dá pelo fato da União Europeia ter agregado ao seu planejamento a aplicação de recursos em energia limpa, no intuito de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, que é um ponto de atenção em nível global. Assim, os países do bloco são repletos de investidores interessados no setor.
Percebendo tal movimento, o Governo do Estado promoveu nesta missão o II Summit Piauí-Europa de Hidrogênio Verde – Action Plan Session na Alemanha, apresentando aos europeus o potencial local na área e as vantagens de se investir aqui.
Na ocasião, mais de 100 lideranças estiveram presentes, incluindo a prefeita de Berlim, Franziska Giffey; a vice-diretora-geral de Cooperação Bilateral em Ação Climática e Transição Energética, a Agência Internacional de Energia (BMWK), Ursula Borak, que representou o Governo Alemão; o ministro-conselheiro da Embaixada do Brasil na Alemanha, Luiz Eduardo Gonçalves.
Fonteles reverberou que o objetivo é tornar o Piauí um dos maiores produtores de hidrogênio verde do mundo.
“Foi um encontro extremamente produtivo, que aponta perspectivas muito promissoras de investimentos para o Piauí, com geração de riquezas para nosso estado, mais oportunidades de negócios e emprego e renda para nossa gente!”, afirmou.
O governador ainda destacou a facilidade nas exportações com a Zona de Processamento de Exportação do Piauí (ZPE), e o fato de o Piauí ser banhado pelo Rio Parnaíba, “o maior rio genuinamente nordestino”.
O líder do Executivo garantiu o comprometimento do Governo nos estudos e planejamento do H2V Piauí, o Vale de Hidrogênio Verde do Piauí.
Na comitiva piauiense estiveram presentes o secretário de Governo, Marcelo Nolleto; o presidente da Investe Piauí, Victor Hugo Almeida; a primeira-dama, Isabel Fonteles, dentre outros.
Transformação de lixo em energia
Na Alemanha, o governador do Piauí firmou um Memorando de Entendimento com a FEV Europe, empresa especializada em pesquisas no setor de energias renováveis e na transição energética.
Entre as tecnologias desenvolvidas pela companhia está a transformação de lixo em larga escala em hidrogênio verde. O lixo pode ser proveniente de resíduos sólidos ou através da filtragem da água.
O processo inovador além de fomentar uma matriz energética limpa, contribui ainda com a transformação do lixo, evitando que ele polua o meio ambiente. Ou seja, um benefício duplo.
“Queremos fomentar a pesquisa no uso desta matriz energética considerada como o combustível do futuro e avançar com os investidores internacionais que querem fazer plantas industriais no Piauí”, pontuou Fonteles.
"Piauí se prepara para se tornar exportador de hidrogênio verde", indica imprensa internacional
O potencial energético do Piauí também começa a ser notado pela mídia especializada internacional. Em um artigo compartilhado na sua página na internet, o ‘Kallamish Commodities’ aponta: “Piauí se prepara para se tornar exportador de hidrogênio verde”.
A britânica ‘Argus Media’ fez uma extensa reportagem, contendo uma entrevista com Rafael Fonteles. Com o título: “Piauí visa H2 verde para a indústria nacional", a matéria indica que o Estado busca se tornar um importante centro de produção de hidrogênio renovável, com o objetivo de abastecer especialmente a indústria doméstica, como o setor agrícola.
Na entrevista, o líder estadual aponta que as discussões com os potenciais parceiros envolvem projetos com capacidade de cerca de 1 GW de potência cada.
"Nosso foco tem sido trazer grandes projetos industriais", disse.
O projeto com a Solatio, de aproximadamente R$ 30 bilhões, engloba uma capacidade combinada de eletrolisador de quase 2,4 GW, de acordo com a reportagem à agência britânica.
“O Piauí oferece as melhores condições para a produção de hidrogênio verde em toda a América do Sul”, disse o governador.
No diálogo com a Argus Media, Fonteles evidencia que outra aplicação potencial para o hidrogênio renovável pode ser a siderurgia, apontando que o Piauí é rico em minério de ferro, extraído em locais como a cidade de Piripiri.
“Além do grande potencial já comprovado na produção dessas energias (eólica e solar), somos privilegiados em recursos hídricos, temos uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), em Parnaíba, e teremos futuramente um porto na mesma região. Então, tudo isso nos coloca como possível grande referência nacional e mundial na cadeia produtiva do hidrogênio verde”, disse Fonteles.
De acordo com o governador, o hidrogênio verde produzido terá quatro destinos principais: exportação para a Europa, fertilizantes, biocombustíveis e siderurgia.
Cabe indicar que o Hidrogênio Verde é produzido com eletricidade oriunda de fontes de energia limpas e renováveis, como as de matriz hidrelétrica, eólica, solar e provenientes de biomassa e biogás. Ele é carbono zero, obtido sem emissão de CO2. Essa característica explica o interesse mundial da sua utilização nas mais distintas indústrias.
O que é o hidrogênio verde e seu impacto no planeta?
O hidrogênio verde é uma alternativa importante na busca pela redução das emissões de carbono e pela sustentabilidade do planeta. Ele é obtido através da eletrólise, um processo químico que utiliza corrente elétrica para separar o hidrogênio do oxigênio na água. Quando a eletricidade utilizada é proveniente de fontes renováveis, a produção de hidrogênio verde não emite dióxido de carbono.
emissões de CO2, evitando a emissão de cerca de 830 milhões de toneladas anuais de CO2 que são geradas pela produção de hidrogênio a partir de combustíveis fósseis. Além disso, substituir todo o hidrogênio cinza por hidrogênio verde exigiria uma quantidade adicional de energia renovável equivalente à demanda elétrica atual da Europa.
A produção de hidrogênio verde é uma forma eficaz de reduzir asO hidrogênio verde é uma fonte de energia limpa, que emite apenas vapor de água e não produz resíduos prejudiciais ao meio ambiente. Sua demanda global como combustível tem aumentado significativamente e espera-se que, com a descarbonização da economia, seu custo de produção diminua, tornando-o uma opção mais acessível.
Existem vantagens e desvantagens no uso do hidrogênio verde. Entre as vantagens estão sua sustentabilidade, capacidade de armazenamento e versatilidade de uso em diversos setores. Por outro lado, o hidrogênio verde é mais caro de produzir devido ao custo da energia renovável, requer mais energia para sua produção em comparação a outros combustíveis e exige medidas de segurança rigorosas devido à sua volatilidade e inflamabilidade.
O hidrogênio verde tem um impacto significativo no futuro, sendo utilizado como gerador de eletricidade e água potável, armazenamento de energia e no transporte e mobilidade, especialmente em setores difíceis de descarbonizar, como transporte pesado, aviação e transporte marítimo.
Diversos países, como Estados Unidos, Rússia, China, França, Alemanha e Japão, estão investindo no uso e desenvolvimento do hidrogênio verde como parte de sua estratégia energética e ambiental.
O Vale do Hidrogênio Verde no Piauí
Investimentos já prospectados: R$ 50 bilhões
Empresas com acordos firmados:
Solatio
Casa dos Ventos/Nexway
Solar Outdoor Media
Celeo
All Energy
Quinta Energia
FEV Europe
De onde vem os investimentos?
Espanha
Alemanha
Portugal
Reino Unido
Itália