Comunidade quilombola do Piauí é reconhecida pelo Governo Federal

A delimitação foi realizada por especialistas do Incra/PI, em colaboração com uma empresa de consultoria.

Uma importante conquista foi alcançada pela comunidade quilombola Contente, localizada no município de Paulistana, no Piauí. O território dessa comunidade, que se estende por uma área de 686,4 hectares, foi oficialmente reconhecido através de uma portaria publicada no Diário Oficial da União. 

Esse documento estabelece os limites e confrontações do território, concedendo aos 166 moradores, que fazem parte das 49 famílias que residem na região, o direito legítimo de ocupar essa terra ancestral. A delimitação foi realizada por especialistas do Incra/PI, em colaboração com uma empresa de consultoria contratada para conduzir estudos antropológicos detalhados. 

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Situado na região do Semiárido, o território quilombola Contente é atravessado pela ferrovia Transnordestina, o que torna essa conquista ainda mais significativa. A comunidade, mesmo enfrentando a adversidade climática de uma estiagem que se estende por cerca de oito meses, possui acesso à água garantido por um poço e cisternas presentes em todas as residências. Além disso, as famílias quilombolas se dedicam à criação de galinhas, porcos e caprinos, garantindo sua subsistência e o fortalecimento da identidade cultural local. 

A história da comunidade Contente remonta ao século XIX, quando um ex-escravizado adquiriu um pedaço de terra para constituir uma família. Esse legado tem sido passado adiante ao longo de sete gerações de descendentes, sendo marcado pelo icônico pilão de madeira fincado no coração da comunidade, representando a fundação do território e a herança quilombola. Comunidade Contente, no interior do Piauí (Foto: Incra)Documentos históricos do século XVIII, encontrados no Arquivo Público do Piauí, revelam que a cidade de Oeiras, capital da Província do Piauí, foi um importante centro de concentração de pessoas escravizadas. Naquela época, as terras abrangiam os municípios de Paulista e Queimada Nova. Registros mostram que quilombolas já cultivavam suas próprias roças e construíam suas casas, embora trabalhassem nas plantações de fumo dos vizinhos em troca de produtos manufaturados. Essa história de resistência e autossuficiência é um testemunho da força e resiliência da comunidade quilombola Contente. 

Com o reconhecimento oficial de seu território, a comunidade quilombola Contente dá um importante passo na luta pela garantia de seus direitos e preservação de sua cultura. Essa conquista é um marco significativo para a comunidade e uma vitória para a valorização da diversidade étnica e cultural do Piauí. 

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