A Polícia Civil do Piauí afirma que Allandilson Cardoso, namorado da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), liderava ao menos 28 pessoas ligadas à facção criminosa Bonde dos 40, alvo da Operação Capital Oculto, deflagrada nesta quinta-feira (31) em Teresina. A ação foi coordenada pelo Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
“O nosso diagnóstico é que, de uma maneira maior, a figura do Allandilson lideraria pelo menos 28 pessoas no funcionamento do Bonde dos 40”, afirmou o delegado Samuel Silveira, coordenador do Denarc.
Segundo ele, Allandilson exercia uma posição de comando hierárquico dentro da organização criminosa, com forte influência desde a origem do grupo no Maranhão. “Sabíamos da posição de liderança dele, que faz parte dessa organização. As investigações apontam uma vinculação direta com aquele que foi o criador da facção criminosa Bonde dos 40, de origem maranhense”, destacou o delegado.
28 mandados e R$ 53 milhões em bloqueios
Durante a operação, foram cumpridos 28 mandados de prisão, além da apreensão de cerca de 40 veículos, alguns de luxo. A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 53 milhões em bens dos investigados. De acordo com o delegado, a compra e venda de automóveis eram utilizadas como forma de lavagem de dinheiro. Nessa ação criminosa, o responsável era o empresário Eliesio Marinho da Silva, dono da loja Corolla Veículos. Ele foi preso e também deve responder pelo feminicídio da esposa.
“Um dos modus operandi do tráfico de drogas e das facções é a lavagem de capitais por meio da compra e venda de veículos. Esses automóveis são indícios desses delitos”, explicou Silveira.
Além dos mandados de prisão e bloqueio de bens, foram apreendidos documentos, eletrônicos, uma pistola 9 mm e dinheiro em espécie.
Envolvimento de mulheres próximas
Duas mulheres ligadas a Allandilson também foram presas. Segundo o delegado, Carla Bianca teria um envolvimento mais direto com o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e atuação dentro da facção. Já Poliana, outra ex-companheira do investigado, teria um papel mais indireto, de apoio e conforto para que ele articulasse ações da organização.
“A Carla Bianca está mais profundamente inserida no mundo criminoso. Já a Poliana tinha um papel auxiliar, muito ligado à questão matrimonial”, explicou.
Investigação desde 2021
A operação, segundo a Polícia Civil, é resultado de uma investigação financeira iniciada no fim de 2023, mas que analisou movimentações desde 2021 até 2024, abrangendo o período em que Allandilson ainda estava em liberdade.
“Foi uma análise sistêmica. O trabalho buscou o retrato financeiro desses indivíduos desde 2021, com repetição em 2022 e 2023, finalizando em 2024 com a prisão do líder”, completou Samuel Silveira.