Grupo de 32 brasileiros e familiares já se encontra em território egípcio, onde foi recebido por equipe da embaixada do Brasil no Cairo, responsável pela etapa final da operação de repatriação. O grupo estava na sexta lista de autorização para a passagem de Rafah, que foi fechada na última sexta-feira. Duas pessoas do grupo que constavam da lista original, de 34 nomes, desistiram da repatriação e decidiram permanecer em Gaza.
O Itamaraty negocia há quase um mês com autoridades de Israel e do Egito para a repatriação dos brasileiros. Segundo o ministro Mauro Vieira, a promessa do chanceler de Israel, Eli Cohen, era de que o grupo tivesse sido autorizado na última quarta-feira, o que acabou não acontecendo. Na última sexta,10, oa brasileiros permaneceram por horas no posto fronteiriço mas tiveram que ser transportados de volta para os abrigos onde aguardavam pela reabertura.
EMOÇÃO
"Bom dia, gente: a gente chegou na fronteira. Daqui a pouco vamos para o lado do Egito. Rezem por nós", anunciou Hasan Rabee, num vídeo que gravou instantes antes de concretizar a saída. "Estamos saindo da Palestina e indo para o Egito. Esse é o caminho para o Egito. Não falta muita coisa. Um segundo, um minuto", completou Hasan num outro vídeo, já dentro de um ônibus entre o Portão de Rafah e o lado egípcio. "Já estão chamando os nossos nomes. Tenho o papel da saída agora", comemorou Shahed Al-Banna, 18. Os dois se tornaram figuras conhecidas dos brasileiros por gravarem diariamente vídeos relatando a rotina de ansiedade e de restrições impostas pela guerra na Faixa de Gaza.
EM PAZ - Após o cruzamento da fronteira, o grupo embarca em um ônibus fretado pelo Governo Federal. Vão seguir viagem até um aeroporto designado pelo Egito. A aeronave VC2, da Presidência da República, aguarda o grupo para iniciar o décimo voo de repatriação de brasileiros desde o início da crise no Oriente Médio. Com o grupo, a Operaçao terá transportado 1.477 passageiros, além de 53 animais domésticos.
ACOMPANHAMENTO - Durante o período em Gaza, os brasileiros tiveram acompanhamento diário da diplomacia brasileira. Receberam recursos para garantir alimentação, água potável, gás de cozinha e medicamentos, tiveram acesso a atendimento médico e psicológico de forma online. Além disso, foram estabelecidos em residências alugadas pelo Governo Federal em Khan Yunis e Rafah e fizeram deslocamentos seguros em ônibus fretados pela representação brasileira em Ramala. Tanto os veículos quanto os imóveis eram identificados e informados às autoridades de Gaza e de Israel para evitar bombardeios.
Por meio de aplicativos WhatsApp, os diplomatas brasileiros mantinham contatos diários com o grupo para identificar necessidades e garantir, dentro da realidade de uma zona conflagrada, que todos estivessem nas melhores condições até que o cruzamento da fronteira fosse autorizado pelas autoridades.
ARTICULAÇÃO - O trabalho do Governo Federal exigiu intensa articulação da diplomacia nacional e envolvimento direto do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula teve diálogos por telefone com dirigentes dos Emirados Árabes Unidos, de Israel, da Palestina, do Egito, da França, da Rússia, da Turquia, do Irã, do Catar e do Conselho Europeu. Também conversou com os brasileiros em Gaza e com parentes de civis israelenses sequestrados pelo Hamas. O Brasil também presidiu em outubro o Conselho de Segurança da ONU e atuou de forma reiterada para tentar aprovar uma resolução consensual que ajude a levar ao diálogo e à paz na região.