Apoliana Oliveira

Comentarista de política do Jogo do Poder. Jornalista, formada na Universidade Federal do Piauí.

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Sílvio Mendes, Jair Bolsonaro e o fantasma da rejeição

Visita do ex-presidente à Teresina fez com que ex-prefeito tivesse que se explicar à opinião pública

Ele vem aí! O ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), desembarca em Teresina no próximo dia 10 de maio, para um evento promovido pelo PL Mulher. Com a confirmação da agenda, o mundo político começou a se perguntar: em qual palanque subirá Bolsonaro?

Mesmo que o PL esteja hoje na base aliada do prefeito de Teresina e pré-candidato à reeleição, Dr. Pessoa (PRD), por aqui é o senador Ciro Nogueira (Progressistas) o principal aliado do ex-presidente.

Ciro tem um pré-candidato a prefeito: Sílvio Mendes (União Brasil). Logo, Sílvio estará com Bolsonaro, certo? Calma, calabreso! Tão logo a visita do ex-presidente foi confirmada, a assessoria do ex-prefeito de Teresina comunicou à imprensa que ele sequer estará por essas bandas entre 10 e 11 de maio. 

AOS NÚMEROS

Não é mera incompatibilidade de agenda. E a história da eleição de 2022 ajuda a explicar. Na capital piauiense, Bolsonaro teve 33,56% dos votos válidos, contra 66,44% de Lula, no segundo turno da corrida presidencial, que deu a vitória ao petista.

E foi só no segundo turno do processo eleitoral, em uma coletiva de imprensa, que Sílvio - derrotado por Rafael Fonteles (PT) na eleição para governador -  e o então deputado estadual eleito, Jeová Alencar - hoje vice de Sílvio - declararam apoio a Jair. Naquela altura do campeonato, não havia mais o que perder. É que até ali, Sílvio não só tinha escondido Bolsonaro na campanha, como rejeitou qualquer ligação com o então presidente. 

2022 PODIA, HOJE NÃO PODE?

Fica fácil (ou não) entender as razões que fazem hoje Sílvio querer distância de Jair. Se quando Ciro Nogueira era chefe da Casa Civil, e Bolsonaro presidente com chances reais de chegar à reeleição, o ex-prefeito correu léguas, imagine agora, que o ex-presidente é investigado no Supremo Tribunal Federal, inclusive por suspeitas de envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Nem o próprio Ciro Nogueira tem sido visto com frequência ao lado de Sílvio. Publicamente, a justificativa é seu envolvimento com as questões de Brasília. Nos bastidores, o que se diz é o óbvio: Ciro incorporou demais o discurso pró-Bolsonaro. É aquele ditado: 'muito ajuda quem não atrapalha'.

E no estado mais lulista do Brasil, concorrer contra Fábio Novo (PT) - nome apoiado por Lula e Rafael Fonteles - não seria bom negócio para Sílvio ficar com a pecha de “time do Bolsonaro”. É o fantasma da rejeição que assombra o ex-prefeito desde a eleição estadual. Ou já seria tarde demais?

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