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Praia do Futuro, no Ceará, tem 'a maior maresia do mundo'

Equipamentos danificados dentro da própria casa e manutenção constante para retardar o processo de corrosão estão entre as principais preocupações de quem vive na região.

Forte maresia na Praia do Futuro reduz tempo de vida útil de objetos metálicos | Foto: Reprodução
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Uma pesquisa conduzida pelo professor Eduardo Cabral, coordenador do Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará (UFC), revelou que a Praia do Futuro, em Fortaleza,  possui a maior maresia do mundo, devido à incidência de ventos na região. A maresia é uma névoa fina e úmida formada por gotículas do mar e levada pelo vento.

O estudo foi realizado em 2018 e tinha como objetivo classificar o nível de agressividade ambiental por meio da presença de íons cloro no ar. Para a medição, foi utilizado o método da vela úmida, um dispositivo formado por um tubo de PVC coberto por gaze cirúrgica, conectado a um frasco com solução líquida, onde os cloretos são absorvidos.

região mais agressiva em íons cloro no ar

A pesquisa revelou que a Praia do Futuro é a região mais agressiva em termos de deposição de íons cloro no ar, um dos principais componentes da maresia, superando outras cidades brasileiras e internacionais. Antes, São Francisco do Sul (SC) registrava a maior maresia do Brasil. Contudo, o estudo descobriu que a concentração média da Praia do Futuro é mais que o dobro da cidade catarinense.

No cenário internacional, a Praia do Futuro também se destaca. Quando comparada com locais que adotaram metodologias semelhantes, ela é 87,34% mais agressiva que a Nigéria, a segunda colocada, e 5149,63% mais que a Espanha, a última colocada no ranking divulgado pela pesquisa.

A elevada deposição de íons de cloro tem implicações diretas na corrosão de estruturas e materiais expostos. Marcos Moura, de 55 anos, é dono de uma oficina mecânica e mora na Praia do Futuro há 30 anos. Manter as ferramentas em boas condições é praticamente impossível, segundo ele, já que a maresia deixa os equipamentos completamente enferrujados. "De três a seis meses [após a compra], as ferramentas ficam cheias de ferrugem", conta.


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