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VÍDEO: Vespa ataca e paralisa aranha-caranguejeira em Santa Catarina

Cena foi registrada por observador de aves próximo à Serra do Rio do Rastro e mostra a brutal eficiência da cavalo-de-cão, conhecida por sua picada extremamente dolorosa

Picada da vespa cavalo-do-cão (família Pompilidae) é considerada uma das mais dolorosas do reino animal | Foto: João Paulo Durante
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O observador de aves e guia ambiental João Paulo Durante registrou uma cena impactante em Lauro Müller (SC): uma vespa cavalo-do-cão enfrentando uma caranguejeira.

“Estava sozinho observando aves quando ouvi um barulho forte de asas. Olhei para o chão, a uns dois metros de mim, e vi essa batalha acontecendo. Foi uma surpresa daquelas”, relata João, que atua há quatro anos com turismo ambiental e pedagógico na região.

A cena, segundo ele, é até comum com aranhas menores, mas esta foi a primeira vez que testemunhou o ataque a uma caranguejeira – conhecida na região como “Aranhuçu”.

João, que é apaixonado pela natureza desde criança, reconheceu imediatamente o comportamento: “Eu já sabia que essas vespas caçam aranhas, mas nunca tinha visto com uma tão grande. Estar na natureza com frequência aumenta muito as chances de presenciar esses momentos únicos”.

A “cruel” estratégia da vespa caçadora

A vespa cavalo-do-cão (família Pompilidae), também chamada de vespa-do-diabo, marimbondo-cavalo ou vespa-caçadora, é famosa por um motivo: sua picada é considerada uma das mais dolorosas do reino animal.

Segundo o entomólogo César Favacho, especialista em insetos, essas vespas estão espalhadas por todos os biomas do Brasil e são verdadeiras especialistas em caçar aranhas.

“O curioso é que a picada da vespa fêmea não tem a ver com a alimentação dela mesma. O veneno serve para imobilizar a presa, geralmente uma aranha, que depois servirá de alimento para a larva. As vespas adultas, na verdade, se alimentam de néctar”, explica o pesquisador.

Favacho detalha que o ataque é cirúrgico: “Elas picam pontos específicos do corpo da aranha para paralisá-la sem matá-la de imediato. Em seguida, depositam um ovo sobre o corpo da presa – que pode ser enterrada ou deixada à vista, dependendo da espécie. Quando a larva eclode, começa a se alimentar do interior da aranha ainda viva”.

Segundo ele, esse comportamento só é possível porque as aranhas são capazes de sobreviver por longos períodos sem se alimentar. “Isso permite que a larva da vespa tenha uma fonte fresca de alimento por dias e não de um bicho em decomposição”.

Dor extrema, mas sem risco grave

Apesar da picada dolorosa, as vespas caçadoras não são agressivas e só picam em caso de ameaça ou defesa.

“O ferrão está presente apenas nas fêmeas e é uma ferramenta tanto de caça quanto de proteção. Nos humanos, o efeito do veneno se limita a dor intensa e inchaço, sem risco de morte para pessoas não alérgicas”, explica Favacho.

A picada dessa vespa está no nível mais alto da Escala Schmidt de dor — uma classificação que vai de 1 a 4, criada pelo entomologista norte-americano Justin O. Schmidt.

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