Quase todos os cefalópodes, como polvos, lulas e sépias, têm uma habilidade impressionante: conseguem mudar não só a cor e os padrões da pele, mas também a forma e a textura do corpo.
Essas mudanças acontecem de forma extremamente rápida, mais rápido do que um piscar de olhos, sendo a transformação mais ágil já registrada no reino animal.
“Entre todos os animais que conhecemos, eles são os melhores nisso”, afirma Michael Vecchione, curador de cefalópodes do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, nos EUA. Curiosamente, a maioria desses animais é daltônica, o que torna ainda mais intrigante como conseguem copiar cores e padrões com tanta precisão.
Estudos indicam que cada espécie desenvolveu até 30 padrões diferentes, que ajudam na camuflagem e sobrevivência. Devido a essas condições especiais, eles são conhecidos como alienígenas marinhos.
O segredo está na pele
A pele de polvos e lulas possui milhões de células chamadas cromatóforos, que funcionam como pequenos sacos de pigmento cercados por fibras musculares. Os músculos podem contrair ou expandir essas células, criando cores e padrões variados. Além disso, eles têm pequenas saliências chamadas papilas, que permitem mudar a textura da pele — tornando-a lisa, rugosa ou cheia de relevos.
O polvo-comum (Octopus cyanea), por exemplo, consegue ficar quase transparente em areia clara ou adotar tons escuros e manchas quando está entre pedras. Lulas podem encolher braços e se agrupar para se parecerem com algas. Filhotes de lulas gigantes (Sepia apama) até imitam o movimento das algas balançando, mudando a cor do corpo.
Por que eles mudam de aparência?
A camuflagem é apenas uma das razões. Os cefalópodes também usam suas habilidades para se proteger, atacar e se comunicar. Alguns exemplos:
1. Para assustar predadores
Quando ameaçados, polvos podem escurecer o corpo, esticar os braços e aumentar de tamanho para parecer mais perigosos. Lulas criam padrões que lembram olhos grandes para intimidar quem os caça. O polvo-de-anéis-azuis, altamente venenoso, exibe cores fortes para alertar predadores. Já o polvo-mimético (Thaumoctopus mimicus) imita animais perigosos para se proteger.
2. Para enganar presas
Mudanças de cor e forma também ajudam a capturar alimento. A lula-faraó (Sepia pharaonis) se parece com um caranguejo inofensivo para se aproximar de peixes. A lula-dos-recifes-do-Caribe (Sepioteuthis sepioidea) nada de costas e mexe os braços para imitar um peixe herbívoro, enganando suas presas antes do ataque.