A atriz Susana Vieira, de 81 anos, compartilhou em uma entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, que foi diagnosticada com Leucemia Linfocítica Crônica. De acordo com a artista, a doença não tem cura e que "não adianta fazer transplante de medula". Além disso, Susana revelou ter outra condição de saúde: Anemia Hemolítica Autoimune.
"É óbvio que à medida que você vai ficando com mais idade, você fica preocupada. Então essa doença, parece que foi Deus, me deixou em paz. Ou eu estou mais em paz talvez", afirmou.
A atriz afirmou ainda que as duas doenças estão em remissão e, por exigência do tratamento, ela disse que tem adotado um estilo de vida saudável. "A disciplina de fazer os exercícios, que eles mandam. E eu como tudo, arroz, feijão, muita farinha. Como de tudo, pão, manteiga, tudo", disse.
O que é a Leucemia Linfocítica Crônica
Segundo a oncohematologista Christiane Secco, a Leucemia Linfocítica Crônica não é uma leucemia autoimune. Ela leva esse nome por se tratar de uma proliferação. "Isto é, um aumento numa célula do sangue chamada de linfócito que nós consideramos maduro, não é um linfócito novo e nem causa alterações maiores como quando há a proliferação de células imaturas", explica, em entrevista ao Terra.
A especialista destaca que, quando ocorre a proliferação de células maduras, caracteriza-se uma condição crônica. Portanto, a denominação "leucemia linfocítica crônica" é explicada pela presença de uma proliferação persistente de linfócitos maduros.
A Anemia Hemolítica Autoimune tem relação com o quadro?
A explica que a anemia relatada por Susana não necessariamente está relacionada com a leucemia. "Ela pode ter uma anemia hemolítica autoimune sem estar relacionada à leucemia linfocítica crônica ou estando relacionada à doença", diz Christiane. "No entanto, a Leucemia Linfocítica Crônica pode gerar anticorpos causando a anemia autoimune. Essa anemia é extremamente responsiva a corticóide. E também é responsiva, se for o caso, ao tratamento da doença", complementa a médica.
Remissão do quadro
Segundo Christiane, Susana Vieira menciona estar em remissão porque, na maioria dos casos, a leucemia linfocítica crônica é geralmente encontrada em conjunto com outras condições patológicas, ou em pacientes que são considerados saudáveis, sem maiores problemas adicionais.
"Você só consegue ver que aquele paciente tem leucemia linfocítica crônica porque se faz um exame e há um aumento de linfócitos no hemograma. Mas essas células malignas não fazem nada, elas só existem sem causar nenhum outro sintoma. Então, a Susana Vieira diz que a doença dela está em remissão por essa razão: ela não tem outros sintomas, somente um aumento nos linfócitos que é detectado no hemograma", detalha.
Tratamento
A especialista enfatiza que o quadro de Susana Vieira não possui cura. Segundo a médica, até o momento, a medicina não conseguiu alcançar uma remissão completa da Leucemia Linfocítica Crônica. Portanto, essa condição pode persistir por anos, muitas vezes mais de 10, sem apresentar grandes manifestações.
Além disso, a especialista observa que não é necessário realizar um transplante de medula óssea, pois esse procedimento não é eficaz para remover os linfócitos detectados no hemograma. "A primeira perspectiva de tratamento é, como no caso da Suzana Vieira, a observação, quando o paciente tem apenas um aumento dos linfócitos sem outros sintomas", diz a profissional.
O médico monitora o paciente por meio de hemogramas sequenciais, realizados a cada 3 ou 4 meses, para verificar a presença de sinais como anemia, contagem baixa de plaquetas ou aumento significativo dos leucócitos. Além disso, é fundamental realizar exames físicos para identificar possíveis aumentos das glândulas, do fígado e do baço no paciente. "Tudo isso tem que ser revisado pelo médico a cada ida ao consultório. Então, a primeira perspectiva de tratamento é não tratar", explica Christiane.
Se houver uma progressão da doença no paciente, indicada por qualquer sinal como anemia, redução de plaquetas, aumento de glândulas, do fígado, do baço ou dos leucócitos, o tratamento é iniciado. "Hoje em dia, há diversas opções para esse tratamento. E quando chega nesse momento, essa avaliação tem que ser feita a partir de inúmeros fatores, inclusive do tipo da leucemia que este paciente tem em termos de alterações genéticas", finaliza a especialista.