Saiba o que acontece com seu corpo com excesso de ultraprocessados

O consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil corresponde a 20% de calorias diárias

57 mil foi o número aproximado de mortes associadas ao consumo de ultraprocessados no Brasil | Reprodução: Internet
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Pessoas que consomem diariamente mais de 20% do total energético dos alimentos em ultraprocessados podem ter mais risco de sofrer declínio cognitivo acentuado, condição do cérebro que leva à perda da capacidade de realizar atividades do dia a dia. Foi o que mostrou uma pesquisa realizada com cerca de 11 mil pessoas, recrutadas em seis cidades brasileiras (Belo Horizonte/MG, Porto Alegre/RS, Rio de Janeiro/RJ, Salvador/Bahia, São Paulo/SP e Vitória/ES) e acompanhadas por um período médio de oito anos. 

Ultraprocessados são aqueles alimentos industrializados, carregados de açúcares, gorduras, sal e substâncias sintetizantes (emulsificantes, conservantes) que, embora tenham alto teor calórico, possuem pouco valor nutricional. O que pega nesses itens é que eles são formulações industriais compostas por ingredientes baratos, como sobras de carnes e carcaças, soro do leite, etc. E ainda possuem quantidades irrelevantes de fibras, vitaminas e minerais.

Outra preocupação dos especialistas em nutrição é que o consumo desses itens tem crescido rapidamente a ponto de eles se tornarem responsáveis por mais da metade da ingestão de calorias diárias em países como EUA, Reino Unido e Canadá. Atualmente, no Brasil, esse percentual corresponde a 20%. 57 mil foi o número aproximado de mortes associadas ao seu consumo no país.

Além do declínio cognitivo, os cientistas têm observado os efeitos do alto consumo de ultraprocessados na saúde. O volume exato da ingestão capaz de prejudicá-la ainda não está totalmente esclarecido.O que se sabe até o momento é que quanto maior for a sua ingestão, pior é a qualidade da dieta, que terá mais açúcar livre, gorduras saturadas, calorias e menos fibras. 

Diversas doenças 

Estudos selecionados pelo Programa Global de Pesquisa Alimentar (UNC-Chapel Hill), que avalia políticas nutricionais e desenvolve pesquisas em larga escala para a prevenção de doenças, esclarecem que quando são comparados grupos de pessoas com alto e baixo consumo de ultraprocessados, aqueles que ingerem mais destes itens apresentam maiores taxas de colesterol, além de hipertensão e doenças cardiovasculares (do coração e dos vasos sanguíneos).

O risco de desenvolver hipertensão (pressão alta) é de 21% a 23% maior.

O risco de vir a ter um AVC se eleva em 34%.

De ter um infarto, em 29%.

O risco de o diabetes aparecer supera os 50%. E a ligação entre o excesso de ultraprocessados na dieta e a doença é dose dependente: quanto mais você come, maior é o risco de a enfermidade dar as caras. Entre adultos, compor o cardápio com 10% de ultraprocessados já eleva o risco de ter diabetes. Já existe evidência de que o consumo ilimitado também pode levar ao diabetes gestacional. A pesquisa foi publicada no jornal científico Nutrients.

Depressão

A conexão entre uma coisa e outra se justifica pelo fato de esses produtos serem pobres em termos nutricionais, ricos em açúcar, sódio e gordura trans. Aditivos como edulcorantes (adoçantes como o aspartame) e emulsificantes (como a carboximetilcelulose, ainda teriam papel no ganho de peso e mudanças na microbiota intestinal, fatores que influenciam a doença. Altas doses de ultraprocessados podem alterar a saúde mental. A depressão ou seus sintomas podem se instalar.

Sim, as causas dessa enfermidade são multifatoriais, mas sabe-se que dietas equilibradas, ricas em nutrientes, vitaminas, fibras e minerais funcionam como fator de proteção contra a doença. Para além disso, os aditivos que compõem esses itens podem influenciar as funções do microbioma intestinal. Alterações neste ambiente podem atrapalhar o trabalho das bactérias boas, o metabolismo local, e ainda levar a doenças inflamatórias capazes de alterar a boa relação entre a saúde do intestino e o sistema nervoso central: eixo cérebro x intestino.

Morte precoce

De acordo com um novo estudo da Faculdade de Saúde Pública de Harvard, ter uma dieta variada e equilibrada tem conexão com a redução do risco de morte prematura por todas as causas. Isso inclui doenças cardiovasculares, câncer e enfermidades respiratórias. Portanto, quem extrapola com os ultraprocessados pode viver menos. Cientistas brasileiros concluíram que esses produtos são causa significativa de morte precoce entre nós. A ordem é reduzir o consumo o quanto possível. Esses dados foram publicados no American Journal of Preventive Medicine.

Novos tumores 

Uma recente pesquisa realizada por cientistas de Brasil, Reino Unido, França e Portugal, publicado pelo periódico The Lancet, no início de 2023, observou a dieta de pessoas com idades entre 40 e 69 anos, por mais de 10 anos, e sua relação com o aparecimento de tumores. A ingestão de ultraprocessados entre eles foi associada à maior incidência de morte por todos os tipos de câncer, em especial o de ovário entre as mulheres.

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