O Brasil enfrenta uma epidemia de gripe (influenza A, da cepa H3N2). Em meio a isso, a vacinação contra o coronavírus segue avançando pelo país. É aí que surge a dúvida: que teve gripe recentemente ou está com a doença pode se vacinar contra a covid-19?.
Atualmente, o país aplica a primeira, a segunda e a terceira dose das vacinas contra a covid-19 em sua população —tomar as três doses é essencial para evitar contaminação pela nova variante ômicron que, segundo os primeiros estudos, derruba a taxa de eficácia de quem tomou apenas as duas doses iniciais.
Para saber se você pode se vacinar em meio ao surto de gripe, é necessário dividir as pessoas em cenários diferentes: quem já se curou da gripe e quem ainda tem sintomas.
Segundo a infectologista Tânia Chaves, docente da Faculdade de Medicina da UFPA (Universidade Federal do Pará), pessoas que tiveram gripe no passado podem e devem receber a vacina contra covid-19.
A orientação muda para indivíduos que estão com sintomas gripais no momento. Nesses casos, eles devem aguardar a recuperação e o desaparecimento total dos sintomas para seguirem com o esquema de vacinação da covid-19 —seja primeira, segunda ou terceira dose. Isso vale mesmo para quem está com gripe e teste negativo para a covid-19.
"Pessoas com gripe não devem ser vacinados para a covid-19, e nem receber outras vacinas enquanto estiverem com sintomas gripais. Se os sintomas de gripe forem leves e se o quadro estiver totalmente resolvido, a vacinação para covid-19 deve ser feita o quanto antes, especialmente para garantir maior proteção contra a nova variante ômicron", diz Chaves.
Recomendação vale para qualquer vacina
A recomendação geral para toda e qualquer vacina é que quando a pessoa estiver com alguma doença infecciosa moderada ou grave (isto é, febre alta, queda do estado geral), é recomendável adiar qualquer vacina para evitar confusão diagnóstica, explica Flávia Bravo, diretora da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações).
Bravo ressalta que isso é uma recomendação e não uma contraindicação —apenas para não confundir sintomas de uma possível reação passageira da vacina com um agravamento do quadro da doença que a pessoa imunizava já possuía.
A médica cita como exemplo uma confusão que pode acontecer com a piora da febre, em que será difícil identificar se é por conta do quadro infeccioso ou da reação vacinal.
O período de transmissão da gripe varia de 7 a 10 dias podendo ser mais longo em crianças e em pessoas imundodeprimidas. De acordo com a diretora da SBIm, a orientação é para que a pessoa faça a quarentena e fique em casa.
"É melhor que essa pessoa não circule para não transmitir o vírus. Assim que estiver bem, com 24 horas sem febre, ela tem segurança para tomar qualquer vacina estando em um bom estado geral", conta.
Levando em conta o contexto em que estamos vivendo, as especialistas falam da importância de identificar a causa dos sintomas respiratórios. O ideal é estabelecer o diagnóstico fazendo o PCR para covid-19 e para os vírus respiratórios (como o influenza, da gripe) para ter a certeza do que a pessoa tem e adotar o tratamento adequado. Uma outra opção é realizar os testes de antígenos, que são testes rápidos e que podem ser feitos em farmácias.
Entre os cuidados, as infectologistas recomendam intensificar as medidas de proteção, como o uso de máscaras e de álcool gel, lavar as mãos com água e sabão e manter o distanciamento social.