
A busca por eficiência e altos resultados em menos tempo é uma motivação importante no dia a dia de muitos profissionais. No entanto, quando esse comportamento se transforma em hiperprodutividade, ultrapassando limites saudáveis, pode afetar a saúde mental. Os chamados workaholics, ou viciados em trabalho, costumam abdicar do descanso, do lazer e da convivência social, o que pode desencadear problemas como estresse, ansiedade e até Síndrome de Burnout.
O psiquiatra Napoleão Azevedo Neto alertou, no programa Revista, que o contexto social e econômico do Brasil contribui para esse cenário. “Vivemos uma vida aqui no Brasil que é de muito estresse, muitos desafios, condições financeiras, condições sociais, e isso com certeza influencia muito. Quanto mais sob estresse eu estiver, maior o risco de desenvolver um transtorno mental”, explica.
Impacto nos relacionamentos
Além do próprio paciente, os transtornos mentais afetam também aqueles ao seu redor. “É bem visível que, quando uma pessoa começa a apresentar um transtorno mental, a família como um todo costuma adoecer, porque todo mundo sofre junto. Se não cuidarmos do jeito certo, a tendência é piorar e não melhorar. Dar as costas e achar que tudo isso vai ser resolvido sozinho, sem ajuda, não costuma ajudar. A gente vê o contrário: quanto mais enrola, mais difícil fica fazer essa abordagem”, afirma o especialista.
O psiquiatra também ressalta que a falta de tratamento adequado pode levar a consequências graves, incluindo afastamento do trabalho e rompimento de relações. “Muita gente perde seus trabalhos, e essa é uma das grandes causas de incapacidade e afastamento. Isso acaba sobrecarregando, terminando casamentos, abalando relações de convivência, família, amigos. As pessoas chegam a pensar em questões graves, até em tirar a própria vida, por conta desse impacto gigante na nossa sociedade”, pontua.
Ansiedade e redes sociais
Entre os transtornos mentais mais recorrentes, a ansiedade se destaca como um dos principais problemas da atualidade. “A ansiedade parece ser o principal transtorno mental hoje em dia, porque está mais relacionada às questões sociais que vivemos do que às partes biológicas”, afirma Napoleão Neto.
O avanço tecnológico e o uso excessivo das redes sociais também são apontados como fatores de risco. “Existe uma relação forte com as mudanças tecnológicas dos últimos anos. As redes sociais trouxeram uma dependência das telas, pois a gente não consegue ficar longe, desconectado. A vida moderna tem nos exigido isso, e essa sensação de alerta faz a gente dormir mal, ficar ansioso, procurar alimentação mais rápida. Isso, com certeza, vai influenciar na saúde física e mental”, acrescenta o psiquiatra.
Dicas para manter a saúde mental
Para evitar os efeitos da hiperprodutividade e preservar o bem-estar, algumas medidas podem ser adotadas:
• Priorizar relacionamentos interpessoais e a qualidade de vida;
• Reduzir o tempo nas redes sociais e realizar um detox digital;
• Praticar atividades físicas regularmente;
• Manter uma alimentação equilibrada, evitando alimentos hiperpalatáveis.
Esses e outros pontos foram abordados na entrevista completa com o psiquiatra Napoleão Azevedo Neto, exibida no programa Revista, apresentado por Elen Sales, Nayana Lima e Rachel Nogueira.