Uma proteína desenvolvida a partir da placenta humana reacendeu a esperança de pacientes com lesão na medula espinhal, condição que pode causar perda de movimentos e ainda não tem tratamento reversível.
A substância, chamada polilaminina, é estudada há mais de 20 anos pela UFRJ. É uma versão de laminina, proteína do desenvolvimento embrionário que ajuda os neurônios a se conectarem. A expectativa é que, aplicada no ponto da lesão, ela estimule os nervos a criar novas rotas e restabelecer parte dos movimentos.
Resultados em cães
Um estudo publicado em agosto na Frontiers in Veterinary Science avaliou a polilaminina em seis cães paraplégicos que não conseguiam andar, mesmo após cirurgia e fisioterapia.
Após aplicação da substância na medula, quatro animais conseguiram voltar a andar e melhorar a marcha, enquanto dois tiveram avanços mais discretos. Os efeitos foram acompanhados por seis meses. Não houve efeitos colaterais graves; apenas um caso de diarreia foi relatado, sem ligação comprovada com o medicamento.
Testes em voluntários
Além dos cães, a polilaminina foi aplicada em pequenos grupos de pacientes brasileiros em caráter experimental, dentro de protocolos acadêmicos. Alguns voluntários que haviam perdido os movimentos abaixo da lesão recuperaram parte da mobilidade, incluindo pequenos movimentos, controle de tronco e até passos com auxílio.
O número de pessoas testadas é pequeno — apenas oito voluntários — e os pesquisadores ressaltam que os resultados precisam ser confirmados em estudos maiores e controlados.
O que diz a Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que ainda não há pedido de aprovação para uso clínico da polilaminina. O processo em análise é apenas a proposta de um ensaio clínico regulatório.
De acordo com a agência, os dados apresentados até agora são iniciais e se referem à fase não clínica — ou seja, resultados de laboratório e em animais.
“A empresa responsável precisa complementar as informações de segurança antes que os testes em humanos, dentro das regras regulatórias, possam começar”, afirma a agência.
(Com informações do g1/Ciência)